O último estabelecimento comercial situado na orla de Ipanema foi demolido ontem pela prefeitura. A destruição do Bar do Orlando, que funcionava havia 20 anos, foi realizada sob tensão devido à resistência do proprietário, Orlando Kronbauer, 65 anos. De dentro do bar, ele tentou impedir a retirada do telhado e teria usado um espeto para atingir funcionários da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), segundo servidores. Três PMs o imobilizaram com algema e o retiraram pela janela.
Em cumprimento de determinação da Procuradoria-Geral, a prefeitura chegou ao bar às 8h acompanhada do 1º Batalhão Ambiental da BM. Em 20 de junho, a destruição havia sido adiada sob acordo de desocupação em 20 dias. Na operação liderada pelo comandante do Policiamento Ambiental da Área Metropolitana, capitão Rodrigo Gonçalves dos Santos, foi apreendido um revólver calibre 38. Cinco funcionários da Smam começaram a derrubar o telhado. À tarde, uma retroescavadeira completou a demolição.
No momento da saída do bar, Kronbauer se machucou devido à abertura de feridas que existiriam no braço. Foi levado à 6ª Delegacia, onde foi registrada ocorrência relatando o porte de arma, a resistência à ordem policial e a tentativa de agressão. Depois de exame de corpo delito no Departamento Médico Legal, foi liberado.
O coordenador do Programa Guaíba Vive, Rodrigo Cunha, disse que a prefeitura tentou resolver a situação de forma pacífica. 'Ao longo de todos esses anos, ele pediu dez vezes a prorrogação do prazo. Chegamos ao limite.' A demolição deveria ter ocorrido no início da década de 90, quando cerca de 20 bares da orla foram retirados para a construção do calçadão. A área é pública e de preservação permanente pois está situada a menos de 30 m do Guaíba. Conforme Cunha, o esgoto era jogado diretamente nas águas. Kronbauer disse que nunca procurou outro local porque não havia decisão judicial determinando sua saída.
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Correio do Povo, 10/08/2007)