A Polícia Civil de São Leopoldo investiga uma suposta irregularidade na listagem de pescadores profissionais com direito a receber indenização de empresas denunciadas por contribuir para a mortandade de peixes, ocorrida em outubro passado, no Rio dos Sinos.

A suspeita é de que nem todas as 765 pessoas que garantiram, por meio de uma liminar, o direito à indenização de um salário mínimo por mês sejam pescadores profissionais. Na lista estariam empresários, professores universitários e até uma pessoa já morta.

A ação civil solicitando a indenização foi movida pela Colônia de Pescadores Z-5, e a liminar determinando o pagamento foi concedida em 19 de março. Na lista deveriam constar os nomes de pescadores de Canoas, Esteio, Estância Velha, Sapucaia do Sul e São Leopoldo impedidos de trabalhar em função da mortandade. Cada uma das cinco empresas foi condenada a pagar em torno de R$ 50 mil por mês, o que ainda não ocorreu em função de um recurso movido pelas indústrias.

Responsável pela investigação, o delegado da Polícia Civil de São Leopoldo, Moacir Fermino Bernardo, não divulgou os nomes suspeitos e e informou que começará a tomar depoimentos na próxima semana. Se constatadas as irregularidades, os responsáveis poderão ser indiciados por estelionato.

A suspeita de irregularidade foi levantada por uma das empresas condenadas a pagar a indenização. Uma investigação sobre os beneficiários foi coordenada pelos advogados da empresa, César Peres e Roque Reck Ziegel.

- Identificamos casos de pessoas bem-sucedidas, com carros e belas casas, que não dependem da pesca - comenta Peres.

Contraponto
O que diz Vilmar Coelho, presidente da Colônia de Pescadores Z-5
Nós confiamos na Justiça. Ganhamos e ainda não levamos, porque as empresas não querem pagar e estão fazendo de tudo para isso.
Todas as pessoas que estão na listagem encaminhada à Justiça são sócios da colônia ou têm carteira de pescador profissional, concedida pelo governo federal.
Se descobrirmos que há alguém que não fez por merecer, essa pessoa será excluída.

(Por Carla Dutra, Zero Hora, 10/08/2007)