O aquecimento deve crescer após 2009, e pelo menos metade dos cinco próximos anos devem ser mais quentes que 1998, o ano mais quente já registrado, disseram cientistas na quinta-feira. Há muito os climatologistas prevêem uma tendência de aquecimento no século 21 devido ao efeito estufa, mas o novo estudo é mais específico sobre o que deve acontecer na década iniciada em 2005.
Para esse tipo de previsão, o Escritório de Meteorologia da Grã-Bretanha montou um modelo informatizado que leva em conta fenômenos naturais, como o El Niño, e outras flutuações na circulação e calor dos mares. Uma previsão para a próxima década é particularmente útil porque o clima pode ser dominado nesse período por tais fenômenos naturais, ao invés do aquecimento global provocado pela ação humana, disse por telefone Douglas Smith, autor do estudo.
No texto publicado na revista Science, Smith e seus colegas prevêem que os próximos três ou quatro anos serão de pouco aquecimento, apesar de que, para os próximos dez anos, a tendência é de aumento da temperatura. "Há um interesse em particular na próxima década, que representa uma chave no horizonte de planejamento para melhorias de infra-estrutura, seguros, política energética e desenvolvimento empresarial", disseram Smith e seus co-autores.
O calor vai começar para valer depois de 2009, segundo ele. Até lá, as forças naturais vão compensar o aquecimento provocado pela queima de combustíveis fósseis e outras atividades humanas que liberam dióxido de carbono. Para verificar seus modelos, os cientistas usaram uma série de "pós-visões", ou seja, previsões que se referem ao passado, remontando a 1982, e compararam o que os modelos previam com o que realmente aconteceu.
Levando em conta a variabilidade natural das correntes marinhas e as flutuações das temperaturas, os cientistas conseguiram um quadro preciso, ao contrário de outros modelos, que dão ênfase às mudanças provocadas pelos seres humanos. "Numa escala de tempo de cem anos, a principal mudança virá dos gases do efeito estufa que vão dominar a variabilidade natural, mas nos próximos dez anos a variabilidade natural interna é comparável", disse Smith.
(Por DEBORAH ZABARENKO,
REUTERS, 09/08/2007)