Estão detidos desde quarta-feira (08/08), na Polícia Federal (PF) de Curitiba, 23 pessoas acusadas de extração ilegal de madeira no assentamento Contestado na Lapa, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
No local, que fica na região metropolitana da capital paranaense, vivem 105 famílias. Segundo o Incra, uma rivalidade dentro do assentamento fez com que algumas famílias denunciassem, no final de julho, o corte ilegal de pinus e eucalipto, as espécies mais exploradas na região.
Entre os detidos, estão os proprietários da madeireira Camargo & Cordeira, assentados, operadores das máquinas e motoristas de caminhão. Eles prestaram depoimentos na PF ontem à noite e agora ficam à disposição da Justiça.
Segundo o chefe da comunicação social da PF, Altair Menosso, eles foram presos em flagrante e devem ser indiciados por furto qualificado, formação de quadrilha e apropriação indébita.
Hoje, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou uma nota afirmando que os assentados envolvidos na retirada da madeira fazem parte de um grupo minoritário, que agia à revelia do movimento. “O MST defendende a biodiversidade e é contra o corte ilegal de madeira e o desmatamento de florestas em assentamentos”.
O documento diz que os responsáveis pela Camargo & Cordeiro fizeram alguns assentados a assinar um "termo de aceite para a venda da floresta de eucalipto do assentamento Contestado", prometendo pagar até R$ 50 mil a cada família pelo corte. De acordo com a nota, a empresa garantiu que a retirada da madeira era legal e permitida pelo Incra.
Segundo o superintendente regional do órgão no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, são freqüentes as denúncias sobre atitudes semelhantes em assentamentos do estado.
(Por Lúcia Nórcio, Agência Brasil, 09/08/2007)