Ao ser questionado pelo Estado sobre as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à política de retomada do projeto de produção de álcool combustível no fim dos anos 90, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou: “De álcool, ele entende mais que eu e agora chegou à apoteose”. FHC esteve em São Paulo ontem (09/08) em um encontro do PSDB.
Na Jamaica, Lula disse que o governo de FHC (1995-2003) foi “insensível” ao projeto e tratou os empresários do setor sucroalcooleiro como “marginais”. Em discurso a empresários brasileiros e jamaicanos, Lula explicou a história do projeto e elogiou a decisão “extremamente acertada” do ex-presidente general Ernesto Geisel de apostar no Proálcool, nos anos 70.
Disse ainda que, na sua administração, os empresários do setor tornaram-se “personalidades internacionais”, ressaltando para a primeira-ministra da Jamaica, Portia Simpson Miller, a política de bicombustíveis incentivada por seu governo.
“Os empresários sabem que eram tratados como marginais. O governo tinha vergonha deles”, afirmou Lula, dizendo que a administração de Fernando Henrique havia recusado as propostas do PT de renovação da frota de automóveis com veículos a álcool e de substituição de carros oficiais também por esses modelos, que poderiam ter antecipado a nova onda dos biocombustíveis.
Na platéia, um dos principais executivos do setor considerou acertada a avaliação de Lula sobre a insensibilidade da era FHC em relação à política do álcool. Mas ponderou que, em vez de tratados como marginais, eram recebidos com “desdém”.
(Por Denise Chrispim Marin e Carlos Marchi, do
Estadão, 09/08/2007)