A criação da Secretaria Municipal de Juventude está entre as principais reivindicações que os participantes do 1º Congresso em Defesa dos Direitos dos Adolescentes Indígenas apresentaram nesta quarta-feira (08/08) no encontro com o o prefeito de São Gabriel da Cachoeira (AM), Juscelino Gonçalves.
A sugestão faz parte do documento contendo 58 propostas de trabalho e de apoio à juventude indígena, resultante do encontro que reuniu na semana passada cerca de 200 jovens das 22 etnias que vivem na região.
"Eles querem uma secretaria municipal para trabalhar em parceria com o município e com as outras secretarias, mas que tenha um olhar diferenciado para o jovem indígena e considere as diferenças desses povos. Além disso, os participantes solicitaram a instalação de uma casa de apoio aos jovens em situação de risco social, como os que são vítimas do alcoolismo e das drogas", informou o coordenador do congresso, Délio Alves, que é da etnia Dessana.
Do total de propostas, 30 se direcionam à prefeitura de São Gabriel da Cachoeira, dez ao governo do estado, sete ao governo federal e 11 a organizações não-governamentais e instituições internacionais.
Outro problema apontado durante o evento foi o grande número de suicídios praticados por indígenas na região. Segundo dados do Meiam, em 2005 foram 11 mortes e, em 2006, o número subiu para 19. O coordenador do Meiam alerta para a questão e destaca que o problema continua. Eles esperam urgentemente pela intervenção do poder público.
"Os casos de suicídio entre os índios é muito alto nesta região, principalmente entre os jovens. Na segunda-feira, infelizmente, tivemos a notícia de que uma moça que vivia no rio Uaupés tirou a sua vida. Não temos detalhes sobre idade e etnia desta jovem, mas sabemos que era uma indígena do alto Rio Negro também. Só este ano, aproximadamente sete suicídios já foram registrados", lamenta.
A integrante e ex-coordenadora do Meiam, Lorena Araújo, também está preocupada com os números de suicídios praticados no local. Ela explica que o evento é resultado de uma iniciativa de estudantes indígenas universitários que atualmente vivem em Manaus. Segundo Lorena, que é da etnia Tariana, esse foi um dos motivos considerados ao se propor o encontro, mas também não foram esquecidos outros problemas como o alcoolismo, as drogas, a prostituição, a violência e as dificuldades de trabalho.
"Nós propusemos esse congresso para que os jovens falem o que sentem, quais seus problemas e eles mesmos proporem soluções para enfrentar essas dificuldades. A partir daí, elaborar políticas públicas que levem em consideração esses depoimentos que surjam da observação diária desses jovens. Sabemos que tem organismos nacionais, mas estamos lutando pela criação de secretarias municipais para executar essas políticas públicas, que na verdade já existem, de forma mais eficaz e mais próxima de nós", pondera.
(Por Amanda Mota,
Agência Brasil, 08/08/2007)