Um dia após instaurar inquérito, a Polícia Federal decidiu decretar sigilo sobre a investigação da suspeita de fraude na CGTEE, estatal que serviu de fiadora para empréstimos milionários a empresas privadas. O delegado Alexandre Isbarrola considera que a divulgação de informações pode dificultar ou impedir diligências policiais. Isbarrola prevê que a conclusão do inquérito levará tempo:
- Esta é uma investigação complicada porque envolve muitas pessoas e exige procedimentos no Exterior.
O delegado acredita, no entanto, que o governo da Alemanha irá colaborar para o esclarecimento da fraude, já que contabiliza prejuízos com as operações. O Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), banco alemão que concedeu os empréstimos para a construção de usinas de biomassa no Rio Grande do Sul e no Paraná, é uma instituição de fomento. Em maio, o banco procurou a direção da CGTEE reclamando 46,9 milhões de euros (R$ 122 milhões) devidos pela empresa Winimport, responsável pelas usinas do Paraná.
Sindicância da estatal levanta suspeita sobre cinco pessoasOs contratos foram celebrados mediante garantias da estatal, com assinaturas de dois de seus diretores - Carlos Marcelo Cecin e Clovis Ilgenfritz. A CGTEE contesta a legalidade das assinaturas, que teriam sido falsificadas ou obtidas de forma fraudulenta. A Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe qualquer estatal de avalizar financiamentos a empresas privadas.
Além da irregularidade, chama a atenção a rapidez com que os recursos foram liberados para as duas empresas beneficiadas. Um dos empréstimos teve 85% do valor liberado antes mesmo de a fiança ser firmada pela CGTEE.
A sindicância realizada pela estatal sobre o caso concluiu que há evidências de participação na fraude de cinco pessoas, três empresas, um banco e uma cooperativa. Ainda não se manifestaram sobre o caso o engenheiro Erwin Jaeger Karl, que, segundo relatório da sindicância, tem ligações com a CCC Machinery - empresa alemã fornecedora de equipamentos, projetos e financiamentos industriais também citada por indícios de participação na fraude - e Joceles Moreira, ex-advogado da CGTEE.
Contatada ontem por ZH, uma das empresas em que Jaeger trabalha, a Brazilian-Deutsch BD Assessoria, informou que o engenheiro está na Alemanha. O escritório de Moreira, localizado em Santa Maria, não retornou as ligações da reportagem.
O Núcleo de Repressão a Crimes Financeiros da PF no Estado criou um e-mail (ver quadro) para receber informações sobre o caso, assegurando o anonimato do denunciante.
E-denúnciaA Polícia Federal criou um endereço eletrônico para receber informações sobre o escândalo das usinas: cgte@dpf.gov.br
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Zero Hora, 09/08/2007)