Novo lance na longa briga pela posse de terras, no Espírito Santo, da Aracruz Celulose. Uma área florestal da companhia, localizada em Linharinho, que pertence ao município de Conceição da Barra, foi invadida em 23 de julho por um grupo de pessoas ligadas ao movimento das comunidades quilombolas. Em 26 de julho, a Justiça Federal de São Mateus concedeu à Aracruz liminar de reintegração de posse que, como outras tantas pelo Brasil, ainda não foi cumprida.
Ocorre que o departamento jurídico da empresa de papel e celulose estranhou a similaridade de algumas assinaturas no processo de autodeclaração da comunidade na Fundação Cultural Palmares, que reconhecia Linharinho como quilombola.
Acreditando que havia indícios de fraude, enviou os documentos para análise do laboratório de perícias Ricardo Molina de Figueiredo. 'A partir de uma comparação entre essas assinaturas e aquelas constantes da ata da assembléia de constituição de uma associação criada pela própria comunidade para esse fim, o perito Ricardo Molina de Figueiredo chegou à conclusão de que, primeiro, todas as assinaturas questionadas são falsas e, segundo, todas as assinaturas questionadas foram produzidas pelo mesmo punho escritor', informa a empresa.
Com base nessa conclusão, a Aracruz apresentou notícia-crime à Polícia Federal no Espírito Santo, pedindo instauração de inquérito para apuração de crime de falsidade ideológica. E já encaminhou uma cópia dessa notícia-crime e do pedido de inquérito ao Ministério Público Federal e ao juiz federal de São Mateus, que concedeu a recente liminar de reintegração de posse em favor da companhia. Além disso, informa a Aracruz, está também comunicando o fato à própria Fundação Cultural Palmares, solicitando a realização de uma sindicância interna
(Por Sonia Racy,
O Estado de S.Paulo, 09/08/2007)