Ambientalistas de diferentes regiões do país entregaram nesta quarta-feira à Câmara dos Deputados e à Presidência da República um manifesto no qual apontam dez razões para se oporem à construção da usina nuclear de Angra 3, sugerida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em junho último.
Lideradas pelas organizações não-governamentais (ONGs) SOS Mata Atlântica, Geenpeace e WWF-Brasil, mais de 200 pessoas fizeram manifestação contra o uso de energia nuclear, na Praça dos Três Poderes. Alguns deputados da Frente Parlamentar Ambientalista, como Edson Duarte e Edigar Mão Branca, do PV da Bahia, Marcelo Ortiz (PV-SP), Zequinha Sarney (PV-MA) e Chico Alencar (PSOL-RJ), aderiram à manifestação.
Segundo Mário Mantovani, representante da SOS Mata Atlântica, o objetivo de todos é sensibilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a retomada do programa nuclear. Para Mantovani, o programa nuclear "é a alternativa mais cara para a produção de energia, sem falar no perigo de radiação com sérios prejuízos para o homem". Podemos evitar o apagão de várias outras formas menos custosas para nossa sociedade”.
Ele disse que o Brasil tem potencial muito grande para produção da chamada "energia limpa", obtida dos ventos (eólica), da luz solar e de biomassas. Mantovani ressaltou que estas têm potencial quase inesgotável e defendeu "a necessidade de o país estruturar uma matriz energética, sem riscos para a saúde humana e ambiental".
O discurso dos parlamentares que participaram da manifestação foi semelhante. Os deputados fizeram ainda questão de relacionar a oportunidade da manifestação com "os aniversários catastróficos" das bombas atômicas lançadas pelos
norte-americanos em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
Na manifestação, os parlamentares e ambientalistas lembraram também o acidente com o Césio-137, há 20 anos, em Goiânia, que atingiu mais de 6 mil pessoas; e as doenças causadas pela mina de exploração de urânio, em Caetité, na Bahia; além da necessidade de cuidados especiais para o depósito definitivo dos rejeitos nucleares.
Nesse particular, "as autoridades brasileiras sempre negligenciam", afirmou o deputado Edigar Mão Branca, ao lembrar que Angra 1 e Angra 2, até hoje, não dispõem de depósito definitivo para o rejeito nuclear. Isso, sem falar na falta de explicação para o buraco de mais de 300 metros de profundidade na Serra do Cachimbo, no Pará, há mais de 40 anos, acrescentou o parlamentar.
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Agência Brasil, 08/08/2007)