Muitas famílias que apostam na agroecologia estiveram reunidas neste domingo no Pavilhão da Comunidade de Linha Armando, em Santa Cruz. Agricultores de municípios dos vales do Rio Pardo e do Taquari participaram do 8º Encontro de Grupos Ecológicos Assessorados pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa) e 7º Aniversário da Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale). Com uma programação variada, eles tiveram a oportunidade de se integrar e trocar experiências, além de celebrar os resultados positivos que estão sendo obtidos.
A assessoria do núcleo local do Capa aos grupos é realizada por uma equipe de profissionais que trabalha desde a produção, com o incentivo e assistência à agricultura ecológica, passa pela saúde preventiva, com orientação para a utilização de plantas medicinais, e contempla também a área da alimentação, com incentivo à nutrição sadia e ao aproveitamento correto dos produtos. Conforme o agrônomo e coordenador do Capa, Jaime Miguel Weber, as ações têm se dado de ponta a ponta nas cadeias produtivas, apoiando o cultivo, a transformação dos produtos em agroindústrias e, ainda, a comercialização. E é aí que entra a Ecovale, constituída pelos grupos de agricultores.
Com dois pontos de venda em Santa Cruz e feiras ecológicas em vários municípios, a cooperativa, vinculada também à Rede Ecovida, tem sido um espaço importante para que estes produtores cheguem ao mercado. E, embora bastante valorizada nos grandes centros do País, os agricultores têm procurado disponibilizar sua produção a preços de mercado. “Principalmente quando se está na transição do convencional para o ecológico, há um custo maior para produzir. Mas a gente tem que ter o cuidado de não elevar muito os preços, para não ficar inacessível a uma parte da população”, observa Weber.
PERSISTÊNCIAPara passar à agroecologia, os produtores precisam estar realmente decididos pois, normalmente, leva-se alguns anos para começar a ter um retorno financeiro. Mas para quem acredita nos benefícios da produção sem produtos químicos, a persistência acaba sendo recompensada. O agricultor Clécio Luiz Weber, de Vila Santa Emília, Venâncio Aires, hoje presidente da Ecovale, trabalha desta forma há cerca de 15 anos. E desde que conheceu o Capa, há quatro, passou a integrar um grupo de cinco famílias que atualmente realiza feiras no seu município.
Em sua propriedade, produz hortigranjeiros e industrializa parte da produção. A principal vantagem, analisa ele, é a saúde, pois se trabalha de uma forma natural. Mas em termos econômicos, também é possível se manter. O produtor Álvaro Armando Luettjohann, da localidade de Chapadão, em Candelária, está na agroecologia há cerca de 10 anos. O início, destaca, é complicado, mas quem enfrenta os primeiros anos, consegue se estabilizar e colhe bons resultados.
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Gazeta do Sul, 08/08/2007)