Em uma recente edição, a revista "Nature" relatou sobre a proibição da variedade da batatinha transgênica Bt pelo governo peruano. A decisão foi devido ao país ser o centro de origem e biodiversidade desta cultura , onde centenas de raças nativas e cultivos indígenas crescem silvestremente. Há perigo de contaminá-las pelos genes do trasgênico Bt.
O plantio dos transgênicos em países onde há concentração de biodiversidade de raças nativas e variedades indígenas, como no caso da batatinha no Peru, do milho no México e do algodão no Brasil, é sempre condenada pelos cientistas em todas as áreas de conhecimento e especialização incluindo agrônomos, geneticistas e ambientalistas. Antes de o governo peruano tomar essa decisão, foi antecipado pelo México, que proibiu totalmente o plantio ou consumo do milho Bt pelas mesmas razões. O México resistiu firmemente a todas as pressões das multinacionais por mais de dez anos, até o presente o momento.
Na mesma semana, vieram notícias da proibição do plantio e do consumo do milho de Bt pelo governo da Grécia. Não apenas isso, mas a Grécia estendeu a proibição a 20 variedades de milho transgênico Bt e todos os derivados do Bt Mon810. O governo da Grécia publicou uma nota oficial dizendo que o Ministério da Agricultura proibiu a circulação dos transgênicos Bt. O veto foi baseado em resultados sólidos e experimentos científicos incluindo dados sobre ameaça à espécie humana, à vida silvestre e à indústria de criação de abelhas. A Grécia não é o centro de biodiversidade de milho nem de algodão, como o Brasil. Apesar disso, tomou essa decisão considerando as ameaças aos cidadãos, aos animais e às abelhas.
Será que essa notícia chegou aos ouvidos da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), que tempestivamente aprova transgênicos Bt sem avaliação, sem monitoramento antecipado e sem respeito à Constituição brasileira? Muito mais do que isso, sem consideração à ameaça a saúde pública e ao meio ambiente brasileiro? A pergunta continua sem resposta: quem se beneficia disso?
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O Globo Online, 06/08/2007)