Inspetores do governo britânico declararam na quinta-feira (08/08) haver uma "forte possibilidade" de que a epidemia de febre aftosa no gado de duas fazendas ao sul da Inglaterra foi originada por laboratórios próximos aos locais. Uma investigação ordenada pelo primeiro-ministro Gordon Brown descobriu que a dispersão do vírus foi muito provavelmente causada por movimentos humanos nas instalações, tanto "acidentais quanto propositais".
O relatório dos inspetores, emitido pelo Executivo de Saúde e Segurança do governo, descobriu uma chance remota de que o vírus tenha sido liberado pelas instalações ao se espalhar no ar ou como resultado de uma recente enchente na região. Os dois laboratórios, cerca de 6km da fazenda onde a doença foi detectada no gado na última quinta, são os governamentais Instituto de Saúde Animal e Merial Saúde Animal, produtor comercial de vacinas veterinárias e propriedade conjunta da farmacêutica americana Merck & Co. e Sanofi-Aventis, empresa francesa.
Na terça-feira, oficiais agrícolas britânicos disseram que a doença foi encontrada no gado da segunda fazenda ao sul da Inglaterra e que 102 animais da mesma foram sacrificados. O novo rebanho de animais infectados se encontrava dentro da zona de proteção de 9km estabelecida após a primeira epidemia da doença ser confirmada em uma fazenda de Guildford, Surrey, cerca de 48km ao sudeste de Londres. Apesar da descoberta de um segundo caso da doença altamente contagiosa, autoridades pareceram aliviadas em saber que o novo caso estava próximo ao primeiro.
Ambos laboratórios identificados por investigadores do governo usam o vírus da febre aftosa para pesquisas e produção de vacinas contra a doença. O tipo de vírus encontrado no gado foi descrito por oficiais britânicos no fim de semana passado como sendo o mesmo usado nos laboratórios. O Instituto de Saúde Animal e o Merial Saúde Animal negaram que hovue quaisquer brechas em seus procedimentos de biosegurança.
(Por Jane Perlez,
The New York Times, 08/08/2007)