Os esquemas de plantio de árvores - popularmente usados para compensar as emissões de carbono - pouco fazem para combater as mudanças climáticas, afirma um grupo de analistas australianos. Um artigo publicado pelo Instituto Austrália domingo (05/08) acusa governantes e empresários de explorarem essa “moda” para evitar a necessidade de cortes reais nas emissões de gases do efeito estufa.
“Ao desviarem os fundos e a atenção das pessoas para projetos que são duvidosos quanto à eficácia significativa na redução de emissões a longo prazo, alguns esquemas de compensação podem estar causando mais prejuízos do que benefícios”, afirma Christian Downie, autor do relatório.
“O plantio de árvores é o tipo mais popular de compensação de carbono promovido na Austrália, mas, de fato, é o meio menos efetivo de se lidar com as mudanças climáticas”, avalia. E acrescenta: “As evidências indicam que a compensação proveniente de energia renovável é mais concreta de todas, seguida por aquelas resultantes de projetos de eficiência energética. O florestamento fica por último”.
Downie diz que a Austrália precisa de um esquema compulsório de autorização para projetos de compensação de carbono. Também afirma que há fortes razões para se excluir as compensações baseadas em florestamento de um sistema de negociação de emissões no país, ou pelo menos, para se restringir o uso desses projetos.
“O plantio de árvores ou o florestamento podem não assegurar uma redução real, mensurável e permanente nas emissões de gases causadores do efeito estufa porque, cedo ou tarde, a floresta será derrubada, queimada ou destruída”, enfatiza
O autor explica que, quando as pessoas compram compensações de um projeto de florestamento por meio de uma passagem de avião, por exemplo, elas estão na verdade comprando uma promessa de que as emissões imediatas daquele vôo será compensada gradualmente nos próximos 100 anos. “Mas há uma garantia muito pequena, se houver alguma, de que isso realmente vai acontecer”.
(Traduzido por Sabrina Domingos,
CarbonoBrasil / The Age, 06/08/2007)