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tecnologias limpas sustentabilidade e capitalismo
2007-08-08
A indústria brasileira tem ampliado seu perfil inovador como um todo, mas as questões ambientais aparecem com pouca expressão nesse cenário. A mais recente Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), lançada no último dia 31 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em trabalho conjunto com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) mostra que as novidades ambientais no setor industrial aparecem relacionadas essencialmente a mudanças de produtos e processos efetuadas pelas empresas como conseqüência de necessária adequação a legislação e normas para evitar danos ao meio ambiente ou à segurança e saúde dos trabalhadores. “Não consideramos, na pesquisa, o meio ambiente como fator indutor da inovação, mas como um resultado dela. Ou seja, no estudo, se houve alguma melhoria de processo ou produto relacionada ao fator ambiental, ela é decorrência de resultado de outras inovações feitas pela empresa”, observa a supervisora da pesquisa, Cristiane Martins Magheli, do IBGE do Rio de Janeiro.

A cada período de realização da pesquisa – entre a divulgada em 2000, 2003 e 2005 – nota-se um aumento do universo de empresas abrangidas: 72.005, 84.262 e 95.301, respectivamente. A proporção das que realizaram alguma mudança em produto ou processo aumentou levemente. Eram 31,5% do total da amostra em 2000 (22.698), passando para 33,27% (28.036) e para 34,41% (32.796), respectivamente.

O impacto do meio ambiente sobre a inovação, contudo, diminuiu. Em 2003, 36,6% das empresas inovadoras revelaram que a questão ambiental impactou a implantação de novidades em produtos e processos, enquanto que em 2005, esse percentual baixou para 33,8%.

Relevância baixa
A relevância dos fatores ambientais é considerada cada vez mais baixa nos processos de inovação, de acordo com os dados da pesquisa. Em 2000, 56,60% das inovadoras (12.848) informaram que as mudanças em produtos e processos que realizaram apresentam significância baixa ou não relevante para a redução de impactos ambientais e de segurança e saúde no trabalho. Na pesquisa seguinte, lançada em 2003, esse percentual foi majorado para 63,33% (17.756 indústrias) e chegou a 68,32% (22.408) na última pesquisa. Porém, isto não quer dizer simplesmente que as indústrias deixaram de se importar com o meio ambiente e com segurança e saúde de seus trabalhadores, mas pode indicar que muitas delas já teriam feito melhorias nessas áreas, no período entre uma e outra pesquisa, de maneira que as questões de melhorias em produtos e processos envolvendo aspectos ambientais pudessem ser resolvidas e, portanto, perdessem em relevância como problemas de inovação. A supervisora da pesquisa destaca que não é possível uma interpretação detalhada dos dados, em termos de causas e conseqüências da questão ambiental como indutora da inovação porque o formato e a metodologia da pesquisa não foram talhados para essa finalidade. “É preciso olhar com cuidado para os dados porque muitas das inovações implementadas ao longo do tempo permitiram a redução de impactos ambientais”, comenta.

No aspecto de relevância alta, ou seja, empresas que consideraram muito importante as questões ambientais e de segurança e saúde no trabalho, os percentuais passaram de 24,08% (5.466 indústrias) em 2000 para 22,72% (6.370) em 2003 e 19,50% (6.395) em 2005. É importante destacar que os números absolutos variam devido ao aumento total do número de empresas abrangidas pelo estudo. Já como média relevância das questões ambientais e de segurança e saúde ocupacional, consideradas pelas empresas, os percentuais foram 19,31% em 2000, 13,90%, em 2003, e 12,17%, em 2005.

Poluição e “progresso”
A industrialização do Brasil, ao longo da história, mostra que a poluição foi por muito tempo associada ao progresso econômico, especialmente na década de 70, quando o governo brasileiro adotou a postura de atrair empresas de países desenvolvidos com alto impacto ambiental. Nessa época, não era incomum encontrarem-se anúncios com chamadas “Venha poluir aqui” em revistas de circulação nacional. A idéia corrente era a de que para ter mais empregos e, portanto, diminuir a miséria, valia tudo, inclusive aumentar a poluição. Em resumo, poluição significava progresso material, e não havia questionamento sobre os fatores socioambientais relacionados a essa escolha.

Os mecanismos de controle ambiental somente começaram a aparecer de forma integrada com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), reforçados por legislações posteriores (Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama – e leis específicas de proteção ambiental), especialmente após a Constituição Federal de 1988, quando a ação do Ministério Público passou a ser crescentemente incisiva sobre os aspectos de preservação ambiental.

Questão complexa
No entanto, ainda hoje constitui uma questão complexa a compreensão do que realmente pensam e querem as empresas ao enfrentarem o frágil equilíbrio da sustentabilidade. Os pesquisadores Carlos Eduardo Frickmann Young e Maria Cecília Junqueira Lustosa, do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ao analisarem meio ambiente e competitividade na indústria brasileira, apontam que “no debate sobre a abertura comercial e os possíveis efeitos sobre estratégias de desenvolvimento econômico que levem em conta a preservação ambiental, bem como a qualidade de vida associada à poluição do ar e da água, não existem posições unidirecionais”. Segundo eles “entre aqueles que afirmam que a abertura ao comércio externo gera especializações em indústrias mais intensivas em poluição e os que, numa perspectiva dinâmica, pensam que somente sobreviverão as empresas que se adaptarem tecnologicamente aos novos padrões ambientais, encontram-se elementos que sustentam ambas as visões”.

Ainda segundo os pesquisadores da UFRJ, com base em dados da Pesquisa de Atividade Econômica Paulista, da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), no que diz respeito à abertura comercial e aos possíveis efeitos sobre estratégias de desenvolvimento, “as empresas mais preocupadas com a questão ambiental e que têm investido em processos produtivos mais eficientes ambientalmente são também as de maior inserção internacional”. De acordo com Young e Lustosa, também, “empresas que realizam atividades de P&D [Pesquisa e Desenvolvimento] estariam mais capacitadas para gerarem e adotarem inovações, inclusive as ambientais. Tanto as inovações de processo para reduzir danos ambientais, quanto a estratégia de preservação do meio ambiente como fator indutor da inovação, estão mais claramente presentes nas empresas que atribuem um grau importante ou superior ao seu departamento interno de P&D”.

(Cláudia Viegas, AmbienteJÁ, 08/08/2007)

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