Demanda antiga dos pesquisadores ligados ao estudo da biodiversidade mineira, o Programa Biota Minas deverá se tornar realidade dentro de um ano. O primeiro passo para a iniciativa será dado nesta quarta-feira (08/08), com o lançamento de um projeto de diagnóstico da diversidade biológica no Estado.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) lançará, em parceria com a Fundação Biodiversitas, o projeto “Diagnóstico do conhecimento da biodiversidade no estado de Minas Gerais: conservação, uso e biotecnologia – subsídio para o Biota Minas” em evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
“Os objetivos são fazer um diagnóstico completo e atualizado da biodiversidade mineira, mapear o conhecimento existente na área e identificar lacunas científicas e demandas prioritárias, estruturando uma base de dados para implantação do Biota Minas”, disse Magda Greco, coordenadora do programa de recursos hídricos da Sectes e uma das responsáveis pelo projeto, à Agência Fapesp.
A iniciativa ocorre no momento em que o programa Biota-Fapesp é institucionalizado. “O Instituto Virtual da Biodiversidade é um programa que deu certo. Queremos trazer para Minas Gerais a experiência da Fapesp, adaptando o modelo de sucesso para implementá-lo no Biota Minas”, disse Magda.
Um dos objetivos do Biota-Fapesp, de acordo com o ex-coordenador do programa, Carlos Alfredo Joly, é justamente estimular sua replicação em outros estados. “A idéia é mesmo que o programa sirva de modelo para iniciativas semelhantes, como já ocorreu na Bahia, no Pará e agora em Minas Gerais”, disse o professor do Departamento de Botânica da Universidade Estadual de Campinas.
Segundo Magda, o programa de diagnóstico contará com a participação direta de 65 pesquisadores, que trabalharão como replicadores e formarão uma rede envolvendo cientistas que estudam a biodiversidade das universidades federais e estaduais. O projeto será financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
“Teremos um ano para fazer o diagnóstico. Em meados de 2008, o banco de dados deverá estar pronto e serão definidas diretrizes de investimento e linhas de pesquisa a serem adotadas”, disse. Segundo ela, o projeto de diagnóstico utilizará bancos de dados sobre a biodiversidade mineira que já foram estruturados pela Fundação Biodiversitas.
Programa nacional
De acordo com Joly, o programa mineiro poderá utilizar ferramentas desenvolvidas pelo Biota-FAPESP, adaptar a estrutura dos bancos de dados e aproveitar softwares para integração de dados biológicos às bases cartográficas.
“Vamos colaborar diretamente, disponibilizando todas as informações sobre o processo de implementação do programa e, se houver interesse, compartilhar e transferir ferramentas para implantação. Será uma troca. Forneceremos o que for preciso e eles contribuirão testando e gerando novos desafios para as ferramentas que desenvolvemos”, disse o professor.
Para Joly, é desejável que os programas estaduais se multipliquem e se integrem cada vez mais. “Seria ideal integrar tudo isso, em um dado momento, em um equivalente nacional do Biota.”
O professor da Unicamp lembra que os ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia têm uma iniciativa nesse sentido, que é o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio). “Por enquanto ele está restrito à região amazônica e ao semi-árido, mas este ano terá um edital para a Mata Atlântica”, disse.
(Por Por Fábio de Castro, Agência Fapesp, 08/08/2007)