Dirigentes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Álcool (Única) informaram, nesta capital, que a entidade vai pressionar o governo brasileiro a negociar com os Estados Unidos a adoção de uma cota de importação de etanol fabricado no Brasil. Atualmente, empresas do setor valem-se indiretamente da cota que beneficia os países da América Central e do Caribe - limitada a 7% do consumo americano do combustível, algo equivalente a 1,4 bilhão de litros.
O álcool hidratado brasileiro é enviado para unidades em El Salvador e na Jamaica, onde passam pelo processo de conversão em anidro, que é despachado para os Estados Unidos. O presidente da Única, Marcos Jank, informou que esse esquema permite que o produto brasileiro ocupe, atualmente, 4% dessa cota de 1,4 bilhão de litros.
Apesar do forte interesse do empresariado brasileiro em expandir seus investimentos na instalação de usinas nos países da América Central e do Caribe, Jank explicou que há também disposição do setor em realizar exportações diretas aos Estados Unidos.
Duas razões sustentam esse objetivo. A primeira diz respeito a um componente ambiental e de eficiência. A transformação do álcool nesses países requer muito mais dispêndio de energia elétrica, gerada pela queima do diesel, que a produção de anidro no Brasil.
A outra razão está embasada na experiência de 2006, quando o mercado americano absorveu diretamente 1,6 bilhão de litros de etanol brasileiro, como substitutivo ao aditivo MTBE, mesmo com o pagamento da elevada tarifa de importação.
Na Jamaica, a Coimex Trading mantém, desde 2004, uma usina de desidratação de etanol em parceria com a estatal jamaicana Petrojam. Resultado de um investimento de US$ 12 milhões, essa usina produz 180 mil metros cúbicos de álcool anidro ao ano, a partir da importação de etanol brasileiro. Em 2006, essa unidade foi a maior exportadora de etanol da Jamaica para os Estados Unidos.
Atualmente, a Coimex e a Petrojam negociam a extensão do prazo final do acordo de desidratação de álcool de 2008 para 2011 e estudam a duplicação da capacidade de produção da usina. A companhia brasileira também coopera com o governo jamaicano para a adoção da mistura do álcool à gasolina.
(Por Denise Chrispim Marin,
do Estadão, 07/08/2007)