Um grupo de índios do Peru não contatados (isolados) foi encontrado na semana passada em uma aldeia da Selva Amazônica localizada próxima à fronteira do estado do Acre com o Peru. Segundo Artur Meirelles, diretor suplente da Frente de Proteção Etno-Ambiental Envira, acredita-se que a fuga dos índios do Peru para o Brasil tenha sido motivada pela invasão de madeireiras, que estão destruindo os territórios indígenas.
Na quinta-feira (2), oito índios peruanos assaltaram casas de seringueiros da região. A invasão de índios do Peru já é registrada há cerca de dois anos, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já foram registrados conflitos entre índios peruanos com tribos do Brasil.
“Não é a primeira vez que índios peruanos avançam a fronteira. As madeireiras estão atuando nas terras deles e, por isso, acabam vindo para o Brasil”, afirma Meirelles.
De acordo com Kleber Ramos Alves, assessor da diretoria ambiental do Ibama, essas invasões são recorrentes. “Há dois anos já notamos a entrada destes indígenas não contatados, mas este movimento tem se intensificado muito nos últimos seis meses.”
O Ibama informou que atua de duas formas para acabar com o problema. Por meio de reuniões com o Itamaraty, em busca de soluções para proteger a fronteira entre o Brasil e o Peru, e com o auxílio da Polícia Federal, para deter os invasores e repatriá-los. “Esses índios acabam entrando em conflito com as tribos do Brasil, que têm hábitos diferentes e disputam os mesmos recursos naturais para sobreviver."
As Frentes de Proteção Etno-Ambientais, que operam na Amazônia brasileira, respondem pela vigilância e fiscalização de uma área de cerca de 11,3 milhões de hectares de florestas praticamente intactas. Essas frentes monitoram os limites das áreas de uso dos índios isolados brasileiros, criando condições de segurança para que eles possam sobreviver.
Meirelles Júnior viajou para uma região próxima à das invasões. “Como é um local afastado, existe uma grande dificuldade de comunicação, mas a atuação da frente aparenta estar sob controle”, afirma Elias Bigio, responsável pela Coordenação Geral dos Índios Isolados, da Fundação Nacional do Índio (CGII/Funai).
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G1, 07/08/2007)