O chefe-geral da Embrapa Transferência de Tecnologia - subsidiária da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) -, José Roberto Rodrigues Peres, afirmou nesta terça-feira (07/08) que o trabalho da empresa está sendo ameaçado pela pirataria. Segundo ele, em 2006 a Embrapa produziu 509 toneladas de sementes para plantio. A previsão para 2007 é 41% menor que no ano passado, porque sementes clandestinas - que não pagam royalties - foram distribuídas no mercado. Peres defendeu a realização de campanha para incentivar o agricultor a usar sementes certificadas e que o governo aumente a fiscalização contra a produção dessas sementes.
O representante da Embrapa participou da audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputads para discutir os fatores de risco à sobrevivência e à sustentabilidade do agronegócio brasileiro.
O autor do requerimento para realização da audiência, deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), destacou que, se o governo não agir, a pirataria poderá destruir a produção de sementes certificadas no Brasil.
O presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Iwao Myamoto, disse que a venda de sementes pirateadas no Brasil prejudica o agronegócio, porque essa semente também reduz a produtividade em cerca de 40%.
Já o técnico do Departamento de Assistência Técnica e Inspeção Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário João Marcelo Intini defendeu a legislação sobre sementes que está em vigor. Segundo ele, essa legislação não traz prejuízos à agricultura familiar. No entanto, disse ser necessário fazer cumprir a lei e fiscalizar as sementes, para que sejam utilizadas apenas as de qualidade.
Perda de qualidade
Outro problema foi apontado pelo diretor do Departamento de Propriedade Intelectual e Tecnologia da Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Helinton José da Rocha. Ele ressaltou que o uso próprio indiscriminado de sementes põe em risco a sobrevivência de pesquisas em melhoramento vegetal. No uso próprio, o produtor compra a semente, planta e aproveita as sementes colhidas para novo plantio. De acordo com Rocha, isso provoca a perda da qualidade das sementes.
O acesso à tecnologia disponível, com sementes melhoradas geneticamente, segundo o representante da Organização da Cooperativas Brasileiras (OCB), Ivo Carraro - técnico da área de proteção e cultivares -, é a razão do sucesso do agricultor que se associa a cooperativas.
Ferrugem na soja
Durante a audiência, o representante da Embrapa destacou ser prioridade da empresa fortalecer a indústria brasileira de sementes. Segundo ele, um dos desafios é conseguir a soja resistente à ferrugem. Essa praga, causada por fungos, ataca inicialmente as folhas localizadas nas partes baixas da planta. Depois, os pontos escuros (ferrugem) espalham-se pelas folhas. Isso provoca um rápido desfolhamento da planta e a redução no número de vagens, de grãos e do próprio peso do grão. As perdas podem chegar a 100% da produção.
(Por Oscar Telles, Agência Câmara, 07/08/2007)