Começa a ser executado neste mês o projeto "Gestão Ambiental e Recuperação das Nascentes e Florestas do Rio Guandu", que prevê a recuperação das florestas e nascentes do rio. Estão previstas intervenções de recuperação e proteção nas bacias, além de ações de educação ambiental, envolvendo a recuperação da vegetação do entorno das nascentes.
A intenção é melhorar a qualidade dos mananciais. Só na região serão monitoradas 12 nascentes distribuídas pelos municípios de Brejetuba, Afonso Cláudio, Laranja da Terra e Baixo Guandu.
A bacia do rio Guandu apresenta índices de qualidade da água preocupantes: há altas concentrações de sedimentos, tornando-o um dos mais barrentos do Estado, e causando assoreamento. Na bacia, as práticas agrícolas são, em geral, inadequadas. O uso indevido do solo é feito com a prática de arar morro abaixo e retirada da vegetação nativa, deixando o solo descoberto. Isso facilita a erosão e, nas chuvas, provoca enchentes. Também deixa a terra improdutiva.
O rio Guandu está situado na divisa do Espírito Santo com Minas Gerais e sofre também com problemas ambientais como os gerados pela Usina de Mascarenhas, uma das maiores do Estado, e que desde 1975, quando foi construída, não incluiu uma escada para peixes, impedindo a piracema (reprodução dos peixes).
Atualmente, as crianças de Baixo Guandu não conhecem o robalo, espécie que já povoou todo o rio. Há anos os ambientalistas cobram uma escada para os peixes.
A região ainda conta com outros problemas criados pela prática agrícola inadequada, como o uso indiscriminado de agrotóxicos. Há também despejo do esgoto doméstico e industrial sem tratamento; disposição incorreta de lixo e até o patrolamento incorreto das estradas. Os rios praticamente já não têm peixes.
A bacia abrange uma área de 267.400 hectares e uma população de aproximadamente 83 mil habitantes. As principais atividades na região são a fruticultura e a pecuária, com destaque para a produção do café arábica.
O município de Baixo Guandu também convive com graves problemas ambientais. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Espírito Santo tem 24 áreas desertificadas ou em processo de desertificação. São elas: Baixo Guandu, Colatina, Linhares, Marilândia, Rio Bananal, São Domingos do Norte, Pancas, Sooretama, Alto Rio Novo, Águia Branca, São Gabriel da Palha, Vila Valério, Mantenópolis, Barra de São Francisco, Vila Pavão, Água Doce do Norte, Nova Venécia, Boa Esperança, Pinheiros, Ecoporanga, Ponto Belo, Montanha, Mucurici e Pedro Canário.
(Por Flávia Bernardes, Século Diário, 07/08/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/agosto/06/index.asp