Moradores da Zona Rural de Sapucaia do Sul estão preocupados com os planos de uma empresa da cidade, que pretende instalar um aterro industrial na localidade. A idéia já é antiga, mas ganhou novos contornos nos últimos dias. A empresa tem promovido reuniões com a comunidade para tratar dos planos de construção. Mesmo com os encontros, que têm servido para os moradores tirarem dúvidas, boa parte da população na área ainda é contra a idéia.
“Vão trazer poluição e cheiro ruim para cá”, acredita o comerciante José Ivanir da Silva. “Acho que tem gente que pode querer ir embora daqui.” A grande área de terra fica em um local de nascentes, que contribuem para a formação dos arroios José Joaquim e Kruze.
O presidente da Associação Rural de Sapucaia do Sul, Odi Silva, preocupa-se com o futuro econômico da região. “Estamos trabalhando para estabelecer a Rota Aromática na região. A instalação do aterro vai acabar com o nosso projeto. Nenhum turista vai querer vir para cá, sabendo que existe um aterro.”
A preocupação da comunidade surgiu em 2005. De lá para cá, o projeto ainda não saiu do papel. Mesmo assim, segundo Odi Silva, a empresa vem dando sinais de que quer levar adiante a idéia. “Marcaram uma reunião para tratar de outro assunto. Quando levantaram a questão do aterro, ficamos todos surpresos.”
Para a secretária do Meio Ambiente de Sapucaia do Sul, Miriam Colombo, ainda é cedo para tirar conclusões. “Precisamos analisar o projeto. Me disseram que já fizeram todos os estudos técnicos, mas ainda não me enviaram nada”, afirma a secretária, que lembra que o licenciamento da área será de responsabilidade da Fepam. “O que posso dizer agora é que, no meu entendimento, pelo plano diretor atual do município, existem restrições para a instalação de aterros na área, como o tipo de material que será levado para lá”, explica Miriam.
O engenheiro ambiental e diretor da empresa, João Martins, afirma que a preocupação é infundada. “Não temos planos hoje de instalar outro aterro em Sapucaia e nem existe nenhum trâmite junto à Fepam”, garante o diretor. Segundo Martins, a área da empresa na Zona Rural foi comprada a título de investimento, cerca de quatro anos atrás. “O que está havendo é um burburinho que não condiz com a verdade.” Ainda assim, os moradores da região prometem fazer um abaixo-assinado contra a instalação de um aterro industrial na localidade, com o apoio da Associação Patrulheiros Ecológicos de São Francisco de Assis (Apesfa), de São Leopoldo.
(Jornal VS, 07/08/2007)