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biopolímeros
2007-08-07
Montanhas de sacolinhas perigam emporcalhar o mundo. Maleável e cômodo ao uso humano, o plástico carrega dois graves defeitos. Deriva da cadeia química do petróleo e tem elevada persistência na natureza. Que fazer? Primeiro, substituir o plástico do petróleo, não degradável, pelo plástico biológico, advindo do álcool da cana-de-açúcar ou do amido de milho.

Pesquisas avançadas indicam que o plástico biodegradável está chegando ao mercado. Representará, no médio prazo, enorme ganho ecológico. Segundo -e imediatamente-, reforçar a reciclagem do plástico. Isso é fundamental. Sendo reutilizado, o carbono que compõe suas macromoléculas fica aprisionado. Melhor assim, acumulado, que ser queimado e alimentar o aquecimento global.

Terceiro, rejeitar o uso de sacolas plásticas no comércio. Vale para farmácia, bar, feira livre. O movimento de recusa induzirá os comerciantes a rever sua estratégia de vendas. Aliás, a indústria da panificação acaba de iniciar campanha para abolir o uso do plástico nas padarias, estimado no país em 40 milhões de sacolinhas/dia. Será um alívio. No supermercado, a equação parece ser mais difícil, mas não impossível. As empresas, se pressionadas pela população a serem amigas da natureza, podem abolir o uso do plástico e substituí-lo por sacolas de uso permanente. A Prefeitura de São Paulo vai iniciar, em dias, uma campanha nesse sentido. Cidade limpa.
Vem mais por aí. Na regulamentação, em breve, da lei estadual de resíduos sólidos, o governo estadual vai exigir a co-responsabilidade das empresas na solução dos resíduos que elas provocam. Quem suja que ajude a limpar. Estabelecimentos comerciais terão que implementar programas de reciclagem de suas próprias embalagens. Os municípios precisam, também, realizar a coleta seletiva do lixo. A substituição do plástico, a reciclagem e, finalmente, a chegada do plástico verdadeiramente biodegradável permitem afirmar que, talvez num prazo de cinco anos, a situação estará bem melhor. O amálgama dessa jornada contra o uso do plástico do petróleo reside na conscientização popular. Educação ambiental derrota fácil o marketing do plástico.

Mas, atenção. Acaba de surgir uma espécie de mágica no mundo do plástico. Empresas européias desenvolveram um produto chamado oxibiodegradável, cuja decomposição é acelerada no ambiente. Ilusoriamente, apelidaram essa invenção de "plástico ecológico". Onde está o problema? Acontece que a degradação do plástico oxibiodegradável se baseia em aditivos químicos que contaminam o solo e as águas. Quer dizer, ele injeta no meio ambiente, com rapidez, as partículas tóxicas associadas aos derivados do petróleo. Some-se, ainda, a essa contaminação as tintas impressas na propaganda do saquinho.

Tal plástico provoca um efeito visual, não ecológico. Um truque químico. Os aditivos que recebe esfarelam os polímeros derivados do petróleo, fazendo-os desaparecer a olho nu. Mas os resíduos permanecem perigosamente infiltrados no solo. Pior, ao serem decompostos, liberam o carbono de suas moléculas. Representam séria ameaça ao meio ambiente. Sabe-se lá por que parlamentares do PT adotaram o novo plástico. O projeto de lei 534/07, de autoria do deputado estadual Sebastião Almeida, pretendia tornar obrigatório o uso desse plástico oxibiodegradável entre os comerciantes paulistas. Estranho impor algo tão discutível.

O governador José Serra, recomendado pela Secretaria do Meio Ambiente, vetou a lei. Em respeito à opinião pública, publiquei artigo neste espaço da Folha, intitulado "Engodo plastificado" (27/7), explicando as razões da decisão do governo. Argumentei que essa novidade plástica representava uma ameaça, não uma ajuda, ao meio ambiente. Os pareceres técnicos se encontram em www.ambiente.sp.gov.br.
O deputado retrucou. Era esperado. Todavia, pouco defendeu o produto que apadrinhou. Preferiu me atacar -e atacar o governo-, politizando a discussão. Apontou a Secretaria do Meio Ambiente como ligada às empresas petroquímicas. Inverossímil. Acusou-me, inclusive, de defensor dos agricultores. Nada a ver.
Ora, o lobby que ganhou essa parada foi o dos interesses difusos, a base jurídica do ambientalismo. Venceu a turma da educação ambiental. Uma derrota dos marqueteiros que prometem mágicas à custa da natureza. A vitória de quem pensa no futuro, sem falsas soluções. Nem raciocinam com o bolso das campanhas eleitorais.

(Por Xico Graziano, Folha de S.Paulo, 07/08/2007)



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