Representantes da classe empresarial em Roraima disseram não ter dúvida que a iniciativa privada deve ser responsável pelo desenvolvimento do Estado.
Para isso, afirmam que se faz necessário a contrapartida dos governos federal, estadual e municipal, viabilizando a infra-estrutura adequada para fomentar as atividades dos diversos segmentos econômicos. Ressaltam que os governos têm feito cerca de 60% do dever de casa, porque é inegável que ocorreram avanços, mas ainda há questões essenciais que precisam ser resolvidas.
Estas pendências estão relacionados à indefinição fundiária, à precariedade da infra-estrutura das estradas estaduais e federais, a falta de energia elétrica confiável na maioria dos municípios, à educação, aos programas específicos de incentivo, a união da classe política, a gestão participativa e à continuidade do Plano Plurianual, que ainda precisam ser encarados com mais responsabilidade pelos agentes públicos.
Vinhal - O presidente da Cooperativa Grão Norte, Dirceu Vinhal, concorda que a iniciativa privada seja a responsável pelo desenvolvimento do Estado. Para isso, afirma ele, é necessário o incentivo do Estado na fase inicial do processo.
Ressaltou como exemplo regiões do Brasil da década de 60, em que o Governo Federal ofereceu os mecanismos para que o crescimento econômico ocorresse. “Naquela década, o sistema nacional de crédito rural fomentou juros baixos para quem investia no agronegócio. Ou seja, se pagava menos do que se emprestava, porque os juros eram abaixo da inflação”, explicou.
Em Roraima, Vinhal disse que o custo de produção é mais alto porque falta se produzir em escala. “Enquanto não se plantar, no mínimo, 50 mil hectares, o governo terá que ter uma participação mais efetiva para atingir esse patamar o mais rápido possível. Senão, vamos ficar nesse dilema, ao invés de plantar mais, vamos reduzir a produção, como ocorreu nos anos anteriores”, disse.
Sem a participação dos governos nesse processo inicial, a iniciativa privada só contribuirá efetivamente para o desenvolvimento do Estado a longo prazo.
“E enquanto não alcançarmos essa escala, não poderemos competir com preços melhores e agregar valores, oferecendo os derivados da soja para as atividades da ovinocultura, bovinocultura de corte e de leite, piscicultura, avicultura de postura e de corte e a suinocultura”, complementou, ao dizer que hoje essa contribuição é ínfima.
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Folha de Boa Vista, 06/08/2007)