Uma nascente do Igarapé Fundo encoberta por milhares de toneladas de lixo e entulho começa a aparecer para os moradores do bairro Floresta, por meio do Projeto de Revitalização de Nascentes desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente - Semeia. Na manhã de ontem, uma ação de parceria entre Fundação Bradesco, Uninorte, Semeia e Ministério Público Estadual (MPE) marcou o início do processo de revitalização do entorno da nascente oeste do igarapé, um dos afluentes do Igarapé São Francisco.
A nascente era tratada como esgoto pela população, que hoje compartilha com as equipes envolvidas a manutenção da limpeza do local. Alunos da Fundação Bradesco e reeducandos da Colônia Penal ajudaram a plantar as dezenas de mudas de plantas encontradas anteriormente na área como o paricá, ipê-roxo, açaí, sombreiro, patauá, bacaba, ouricuri, jaci e 5 espécies de árvores florísticas. O mutirão de limpeza está sendo feito há doze dias. Neste período, todo o lixo orgânico foi retirado, além de toneladas de entulhos como carcaças de carros, geladeiras, fogão, bicicletas, entulho de construção civil e muito plástico.
"Começamos também com o trabalho de orientação e convencimento da população, indo de casa em casa explicando porque não se pode mais jogar esgoto dentro da nascente", conta o pesquisador Claudemir Mesquita que percebeu nos moradores o desejo de perpetuar o trabalho. Muitos deles foram receptivos e pediram um prazo para direcionar o esgoto ao local devido. Eles próprios evitam jogar lixo novamente e até colocaram placas com orientações. A limpeza da nascente, na água, só poderá ser feita no período das chuvas. "Não podemos mexer agora. Não conhecemos as vidas existentes no local. Temos que esperar começarem as chuvas para fazer a revitalização da água", explica o pesquisador. Por enquanto, o lixo continua estocado no meio da rua até que se conclua a retirada do resto do entulho no próximo dia 7, terça-feira, quando se comemora o Dia do Rio. Neste dia será colocada uma placa com indicadores da quantidade de lixo retirada e dados sobre a nascente.
O material recolhido será pesado e encaminhado ao aterro sanitário. "Depois de implementado este processo irá se voltar para as escolas municipais e estaduais para trabalhar questões ambientais com as crianças", diz Claudemir Mesquita. O Projeto de Revitalização de Nascentes da Semeia trabalha atualmente na tentativa de recuperar as que possam ser revitalizadas: a que fica atrás da Fundação Bradesco, a do sétimo BEC, a do Ma-noel Julião (está sendo revitalizada), a que fica na propriedade do Edvaldo Guedes. Estas são as que têm menos problemas fundiários. "As que são dos afluentes desses igarapés estão na etapa de tirar casas e afastar cercas. O processo é lento. A comunidade é que tem que pedir que o poder público dê passos mais largos, por espaços públicos, florestais, de lazer", orienta Claudemir.
(Por Golby Pullig,
A Gazeta, 04/08/2007)