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2007-08-07
Cerca de 340 animais exóticos (dentre eles, canários de cinco espécies distintas da Venezuela) foram mortos por meio da prática de eutanásia desde janeiro no Amazonas.  Mais do que o dobro do que foi registrado durante todo o ano de 2006, quando 140 animais foram submetidos ao mesmo processo de execução no Estado.  Os dados são do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Os principais motivos desta prática, segundo o médico veterinário do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, Diogo Faria (foto), são a abreviação do sofrimento, a inibição da transmissão de doenças contagiosas e a prevenção de problemas na área da saúde pública.  De acordo com ele, essa prática é utilizada em todo o País e amparada pela resolução 714 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), cujo texto descreve que a eutanásia deve ser indicada quando o bem-estar do animal estiver ameaçado, quando o animal constituir ameaça à saúde pública ou for objeto de ensino ou pesquisa.

Faria alertou, entretanto, para a necessidade de cumprimento da regulamentação, a qual indica como sendo obrigatória a participação de um médico veterinário como responsável por essa atividade em animais.  Se mal empregados os métodos, afirmou o veterinário, o responsável estará sujeito à legislação de crimes ambientais.  “A escolha do método dependerá da espécie”, enfatizou Faria.  Conforme a resolução, são preferíveis os processos que conduzam à chamada “morte humanitária”, ou seja, que proporcionem o máximo de “conforto” e o mínimo de sofrimento ao animal.

São consideradas inaceitáveis nesses casos as mortes por embolia gasosa, traumatismo craniano e incineração in vivo; por administração de hidrato de cloral, clorofórmio, gás cianídrico e cianuretos.  Também são proibidos processos de descompressão, afogamento, exsanguinação (sem sedação prévia) ou imersão em formol, além de injeções de alguma substância bloqueadora neuromuscular (uso isolado de nicotina, sulfato de magnésio, cloreto de potássio e todos os curarizantes) ou estricnina.  Outra questão citada pelo veterinário, a qual pede a prática da eutanásia, é quando se leva em consideração que o animal oferece risco de desequilíbrio ecológico.

A prática da eutanásia é realizada de maneira que o animal é sedado e recebe, na seqüência, a injeção letal.  O método não causa sofrimento, garante Faria.  No entanto, a eutanásia só pode ser realizada em instituições ambientais aptas ao trabalho ou em centros de zoonoses.  Criadouros e pet-shops não são autorizados.  “Fazemos a eutanásia pensando apenas na preservação do meio ambiente e ainda assim optamos por essa prática em último caso”, explicou o veterinário.

Rumo ao Inpa
Os animais “eutanasiados” na capital são levados ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) ou instituições de ensino superior do Estado, como a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), para estudos nas áreas de anatomia, morfologia e outros.  Eles podem ser ainda empalhados e destinados a museus para aulas de educação ambiental, disse Faria.

Alguns exemplos que mostram a necessidade da eutanásia são os animais infectados com febre aftosa, que podem causar um surto e prejudicar a saúde humana.  Ou ainda, por exemplo, tucunarés destinados para criação na região Sudeste do País — pois essa espécie é carnívora e coloca em risco outras espécies.

Casos de eutanásia em 2006
O gerente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) em Manaus, Jorge Carneiro, informou que em 2006 foram registradas 2.524 eutanásias em cães locais.  Ele ressaltou que ainda não há dados referentes a 2007.  “A eutanásia acontece da seguinte forma: o animal é anestesiado e recebe em seguida uma injeção de cloreto de potássio, que causa parada cardiorespiratória”, explicou Carneiro.

Para que haja a eutanásia nos cães entregues ou capturados pelos funcionários do centro, é necessário um período de espera de 72 horas, tendo em vista que o cão ainda pode ser resgatado pelo dono ou interessado no período.

Por conta disso, foi iniciada recentemente pelo Centro de Zoonoses em Manaus uma campanha de controle da população de cães na cidade, visando a redução do índice de eutanásia na capital.

Origem
O termo eutanásia vem do grego e pode ser traduzido como “boa morte” ou “morte apropriada”.  Entende-se por eutanásia o ato de uma pessoa causar deliberadamente a morte de outra que está em sofrimento.  Neste último caso, a eutanásia seria justificada como forma de evitar um sofrimento prolongado por um longo período de uma doença.

A multa para a realização ilegal da eutanásia em animais, a exemplo dos pet-shops, vai de R$ 500 a R$ 2 mil, conforme o gerente administrativo do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Aluísio Nascimento Júnior.

Segundo ele, foram registrados 170 pet-shops irregulares em Manaus durante todo o ano passado.  No entanto, nenhum deles referentes à prática da eutanásia.  “Todo pet-shop tem que ter um veterinário responsável.  Se comprovada a prática ilegal, o médico poderá responder um processo ético”, finalizou Nascimento Júnior.

(Por Ana Carolina Barbosa, Amazonas Em Tempo, 06/08/2007)

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