O agricultor Geraldo Artur Eidt quase foi detido pela polícia no último domingo. Tudo porque ele e o filho faziam uma manifestação na RSC–287 pela conservação de uma nascente de água às margens da rodovia. Segundo Eidt, a vertente sempre foi a única fonte de água da família e, há cerca de dois anos e meio, vem sendo prejudicada pela construção de uma balança da Santa Cruz Rodovias para pesagem de veículos, na frente do posto do Comando Rodoviário da Brigada Militar.
No domingo, o agricultor montou um piquete com paus e pedras na área da balança. “Eu só queria que respeitassem o ambiente”, diz ele. A Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram) já vistoriou o local e declarou a área como de preservação ambiental, onde a vegetação não pode ser alterada. No entanto, conforme Eidt, isso fez pouca diferença, com exceção de uma multa aplicada à concessionária.
Do pavimento da balança sai um bueiro que desemboca diretamente próximo à nascente. “Estacionam carros e caminhões aqui, vaza óleo e cai tudo lá embaixo. Isso está contaminando a água”, afirma. Eidt diz que não pretende receber nenhuma indenização ou ressarcimento, mas sim garantir a preservação da fonte. “Eu não sei por quanto tempo ainda vou poder tomar dessa água.”
DESISTIR Há pouco mais de um ano, o Ministério Público abriu um processo determinando que a Santa Cruz Rodovias tomasse algumas medidas. A empresa então construiu um muro na encosta da rodovia para proteger a vegetação. No entanto, o esgoto continua caindo no córrego.
Agora, depois de todas as tentativas, Eidt está pensando em desistir. “O Brasil não é para todos. Para alguns existe lei e é preciso respeitar. Outros fazem o que querem, e sem punição. Não tenho água encanada e, em breve, vou ficar sem essa nascente também”, desabafou.
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Gazeta do Sul, 07/08/2007)