A ambientalista Telma Lobão fez ontem mais uma denúncia contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ela teria conseguido, através da internet, registrar no órgão federal o próprio cachorro como um Consultor Técnico Ambiental e, de posse do certificado, comprou anilhas (pulseiras de identificação) de uso exclusivo para animais silvestres na fábrica Anilhas Capri. Os documentos foram entregues ao Ministério Público Estadual (MPE), que vai averiguar o caso e encaminhar as informações para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF).
O cachorro, chamado Felipe Lopes, ainda emprestou nome para a retirada de um boleto bancário para pagamento de uma licença de pesca amadora, de validade temporária. Ela usou número de inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF) do pai, falecido em 1995, e o número da própria carteira de identidade. No mesmo site, Telma ainda conseguiu registrar a cadela chamada Vick Lopes, como proprietária de uma moto-serra e pagou um boleto bancário no valor de R$30 para a licença obrigatória de porte e uso do equipamento.
“Ela cometeu o crime de falsidade ideológica fornecendo informações falsas e a Justiça é quem vai julgar os seus atos”, afirmou Célio Costa Pinto, superintendente regional do Ibama. “Eu não quis levar nenhuma vantagem. Fiz isto apenas para demonstrar a fragilidade do sistema de licenciamento”, retrucou Telma Lobão.
O superintendente nega qualquer facilidade para fraudes, pois os documentos apresentados pela ambientalista não possibilita a realização de nenhuma atividade.
No entanto, usando o registro de técnico ambiental em nome do cachorro Felipe Lopes, Telma afirma que comprou por telefone diversas anilhas abertas e fechadas como se fosse um criador autorizado a comercializar aves.
As anilhas são personalizadas e utilizadas em araras-azuis, vermelhas, jandaias, papagaios, tanto para filhotes como para aves adultas. “Se uma fiscalização flagrar uma pessoa transportando uma ave com esta anilha ele não pode ser apreendido. É como se fosse a legalização do tráfico de animais”, acrescenta ela
(Correio da Bahia, 04/08/2007)