O recente relatório divulgado pela IPCC – International Painel on Climate Change – realizado em parceria de mais de 40 autores especialistas de diversas áreas relacionadas diretamente à aspectos concernentes a mudança climática apresenta alguns avanços. O quarto relatório de avaliação (AR4SYR) integra a informação de três grupos de trabalho de seis áreas diferentes. A terceira parte do relatório de avaliação, “Mudanças Climáticas 2007:Mitigação das Mudanças Climáticas” foi aprovado durante uma reunião do IPCC realizada em Bangkok, no período de 30 de abril a 3 de maio de 2007. As outras duas partes do relatório foram aprovadas em diferentes datas e locais. Em novembro de 2007 o relatório deve ser adotado pelos países.
Esta avaliação que consta na terceira parte é da compreensão científica atual dos impactos na mudança climática em áreas naturais, de manejo e urbanas, a capacidade destes sistemas de se adaptarem às mudanças e a vulnerabilidade de cada um dests sistemas. Sobre a parte do relatório concernente a Mitigação das Mudanças Climáticas, há alguns avanços desde o terceiro relatório realizado em 2001. Segundo este quarto relatório, os estudos feitos desde 2001 permitiram uma visão mais ampla e de maior confiabilidade da relação existente entre os impactos e o aquecimento global.
Um dos pontos importantes tratados diz respeito a diminuição da emissão de gás carbônico, proveniente da queima da combustíveis fósseis, mudança nos ambientes de áreas de floresta para áreas agriculturávies,erosão e degradação do solo etc. O relatório de 2001 apresentava algumas fontes de dados como por exemplo o protocolo de Kioto, no qual constava que dos países desenvolvidos que deveriam até 2012 reduzir a emissão de gás carbônico, os Estados Unidos deveriam diminuir a emissão de CO2 em pelo menos 7%, Japão 6% e Alemanha 21%. As mudanças observadas de 1990 a 200 mostram que a Alemanha diminuiu 14% da emissão enquanto que EUA e Japão aumentaram 11% e 8%, respectivamente.
O relatório disponibiliza dados de estudos que demonstram mudanças em sistemas biológicos e físicos desde 1970 devido a alterações do clima causadas por efeito antropogênico. Algumas projeções também são feitas e mostram-se bastante relevantes. No que concerne as mudanças no sistema hidrológico, até metade do século, algumas áreas secas de latitude média bem como áreas secas dos trópicos tendem a sofrer uma maior carência de água, na ordem de 10 a 30%. No outro extremo, as áreas que sofrem enchentes também deveram aumentar em extensão. No decorrer do século, o suplemento de água que provém do derretimento de neve e de geleiras irá diminuir, reduzindo a disponibilidade de água em locais onde o suprimento de água vem destas fontes, e onde moram, atualmente, um sexto da população mundial.
Os sistemas costeiros também poderão sofrer impactos crescentes, incluindo erosões, devido as mudanças climáticas e o aumento do nível do mar, e os impactos podem inclusive aumentar devido a pressão antropogênica nestes sistemas.Milhões de pessoas a mais do que as atingidas atualmente podem ser vítimas de enchentes causadas pelo aumento do nível do mar até 2080. Adaptações nos sistemas costeiros serão um desafio maior nos países em desenvolvimento.
A parte do relatório que trata especificamente da América Latina é um tanto preocupante. Como é de compreensão de todos, os países em desenvolvimento tem um prazo e tolerância maior para se adaptarem as novas medidas, devido as limitações de ordem econômica e social. Entretanto, os efeitos causados pelas mudanças climáticas serão percebidos. Até o meio do século,projeta-se que o aumento na temperatura e o decréscimo na água disponível no solo irão levar a gradual substituição da floresta tropical por savana na parte leste da Floresta Amazônica. Em áreas mais secas da América Latina, há a previsão de que a mudança climática leve a salinização e desertificação da área de agricultura. A produtividade de algumas culturas poderá diminuir. Alguns países tem feito esforços para se adaptarem, particularmente através de iniciativas para a conservação de ecossistemas-chave, mas a falta de informações e de estudos nestes países fazem com que estes esforços tenham um peso mais moderado na mitigação. É necessário aumentar o fomento a pesquisa de forma a contribuir com a diminuição dos efeitos causados pelo fator antropogênico no aquecimento global.
(Por Anajara Laisa Amarante,
Envolverde, 03/08/2007)