A ONU elogiou o plano do presidente dos EUA, George W. Bush, para uma discussão no mês que vem entre os principais responsáveis pelo efeito estufa, mas disse que ainda é impossível antever os resultados. "A prova do pudim está em comê-lo", disse Yvo de Boer, chefe do Secretariado de Mudança Climática da Organização das Nações Unidas (ONU). "Será interessante ver o que resulta [da reunião]."
Sob pressão mundial, Bush convidou a União Européia, a ONU e 11 países industrializados e em desenvolvimento para uma reunião nos dias 27 e 28 de setembro em Washington, primeiro passo para que em 2008 seja adotada uma meta de longo prazo para a redução dos gases do efeito estufa. "Acho bom que Bush esteja fazendo algo, juntando os principais emissores [de gases]. Estou entusiasmado para ver os resultados", disse De Boer. Os EUA são os maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono resultante da queima de combustíveis fósseis. A China vem em seguida.
Muitos ambientalistas duvidam do empenho de Bush por restrições nas emissões, já que em 2001 ele retirou os EUA do Protocolo de Kyoto, o principal plano da ONU contra o efeito estufa, alegando que as metas impostas pelo tratado aos países desenvolvidos iriam prejudicar a economia norte-americana. O Protocolo de Kyoto prevê que 35 países industrializados reduzam suas emissões, até 2008-2012, para um nível 5 por cento inferior ao de 1990. Já a meta estabelecida pelo governo dos EUA prevê o aumento das emissões nos próximos anos e se baseia em compromissos voluntários.
Apesar disso, Bush admitiu em junho, na cúpula do G8, que seriam necessários "cortes substanciais" nas futuras emissões, mas sem impor metas rígidas. Uma comissão de cientistas reunida pela ONU concluiu neste ano que "muito provavelmente" o aquecimento global é provocado por atividades humanas. O fenômeno deve provocar inundações, ondas de calor, enchentes, tempestades, elevação do nível dos mares e epidemias no mundo todo. Bush diz que a reunião convocada por ele vai dar subsídios para as discussões da ONU sobre como substituir o Protocolo de Kyoto após 2012. A União Européia, por exemplo, já se comprometeu a cortar suas emissões, até 2020, para 20 por cento abaixo dos níveis de 1990.
(Por Alister Doyle,
Reuters, 03/08/2007)