A Câmara de Representantes dos Estados Unidos deu um passo sem precedentes para reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa e, por conseqüência, o aquecimento global, ao aprovar uma extensa lei de energia que obriga as companhias elétricas a gerar 15% da produção com energia solar e eólica. A lei foi aprovada sábado (04/08) na Câmara por 241 votos contra 172, apesar da intensa oposição das grandes companhias de petróleo e de gás e da Casa Branca, que ameaçou vetar a medida.
Surpreendentemente, 26 republicanos cruzaram as linhas partidárias e votaram a favor da iniciativa. O projeto deverá ser conciliado com a versão que o Senado aprovou em junho, que é mais comedida e enfatiza levemente diferentes prioridades. "Hoje a Câmara lançou a política energética dos Estados Unidos para o futuro", disse à imprensa a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi. "Este planeta é uma criação de Deus; temos a responsabilidade moral de protegê-lo", acrescentou.
Uma disposição da lei estabelece etapas graduais para reduzir o papel dos combustíveis fósseis na geração de energia, impondo pela primeira vez parâmetros federais, sob os quais as companhias terão que produzir 15% de sua eletricidade com energia solar, eólica e outras fontes renováveis até o ano de 2020. Apenas 6,1% do atual consumo de energia dos Estados Unidos tem como origem fontes renováveis, segundo números do governo.
O novo parâmetro, segundo fontes do Congresso, resultará na redução de 500 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, um dos principais gases que contribuem para o aquecimento global. As centrais elétricas produzem um terço das emissões de dióxido de carbono nos Estados Unidos. A nova ênfase em energia renovável pode reduzir os preços do gás natural e da energia elétrica, gerando uma economia de mais de 100 bilhões de dólares aos consumidores americanos, segundo as mesmas fontes.
Caso os projetos da Câmara e do Senado sejam combinados, as emissões que provocao o efeito estufa registrarão uma queda de 18% nos Estados Unidos até 2030, segundo uma análise do Conselho Americano para uma Economia Energeticamente Eficiente. O projeto de eficiência energética do Senado, que inclui novos parâmetros de aproveitamento no combustível para automóveis, também pretende reduzir a demanda de petróleo dos Estados Unidos em 5,3 milhões de barris diários até 2030, ou seja, 32% das importações de petróleo e outros combustíveis líquidos projetadas para este ano.
"A aprovação desta legislação é um grande passo em nossa luta contra o aquecimento global", disse o representante democrata Chris Van Hollen. "Em um mundo ameaçado pela mudança climática, preços que aumentam e um fornecimento que diminui, diversificar nossa energia com uma fonte limpa, caseira e renovável é uma boa política", acrescentou.
A Câmara também revogou quase 16 bilhões de dólares de redução de impostos para a indústria petroleira concedida pelo governo do presidente George W. Bush há dois anos, determinando que os recursos sejam investidos nas pesquisas de energias renováveis. A medida foi muito criticada pela indústria do gás e do petróleo, assim como por seus aliados republicanos, o que permite prevê um duro embate após o recesso de verão (hemisfério norte) do Congresso.
(
AFP, 05/08/2007)