O presidente Luis Inácio Lula da Silva é esperado em Lins - distante 430 quilômetros de São Paulo -, no próximo dia 20, para inaugurar a usina de biodiesel do Grupo Bertin, o maior exportador brasileiro de carnes, que produz o combustível a partir do sebo bovino fornecido pelos seus frigoríficos. A unidade está em funcionamento desde maio, mas a inauguração esperou pelo espaço na agenda presidencial, confirmado nesta sexta-feira, 3, pelo prefeito Valdemar Sândoli Casadei (PMDB).
Ao custo de R$ 40 milhões - sendo R$ 14 milhões do BNDES - a unidade ocupa uma área de 30 mil metros quadrados e tem capacidade para produzir 100 milhões de litros de biodiesel por ano, o que, a níveis de hoje, representa 14% da demanda nacional, segundo o diretor da área industrial do grupo, Carlos de Abreu. Essa produção consome 300 toneladas diárias de sebo.
A planta foi desenvolvida pela empresa Dedini, de Piracicaba, e usa tecnologia licenciada pela belga Desmet Ballestra. É a primeira usina de biodiesel do País a funcionar pelo processo de produção contínua, onde o sebo entra de um lado e o biodiesel sai do outro. As demais produzem o combustível pelo sistema de "batelada", isto é, tanque por tanque.
José Luiz Olivério, vice-presidente de operações da Dedini, lembra que, além de inovar em tecnologia, a usina do grupo Bertin também deverá agregar valor ao sebo bovino, matéria-prima hoje utilizada em larga escala na fabricação de sabão.
Além de produzir o biodiesel a partir do sebo, a indústria está equipada para fazê-lo também de oleaginosas como pinhão-manso, soja, algodão, milho, amendoim, girassol, gergelim e outras.
Essa flexibilidade dá segurança ao projeto quanto à disponibilidade de matéria-prima e ainda atende à legislação que determina um percentual de vegetais no combustível produzido.
A produção deverá atender prioritariamente à frota de caminhões, implementos agrícolas e equipamentos do grupo e o excedente será colocado no mercado.
(Por Jair Aceituno, do
Estadão, 03/08/2007)