Ração balanceada, sem agrotóxicos, e conforto. Com estes cuidados, uma fazenda de Campo Alegre, no Planalto Norte catarinense, está garantindo o bom lucro que a produção orgânica permite e um tempo de vida superior aos animais. No Rancho das Cabras, o rebanho se alimenta de hortaliças e frutas cultivadas sem defensivos químicos. Apenas,técnicas de manejo de solo e aplicação de adubo natural são utilizadas na plantação – a mesma de onde sai a salada que vai para a mesa do produtor. E o esterco das cabras vira adubo para a lavoura.
Diversas experiências são realizadas na fazenda. Há, além dos animais, cultivo de árvores frutíferas e hortaliças – algumas nem tão comuns na região – plantadas e cultivadas sem o uso de agrotóxicos.
Mas a fonte de renda da propriedade são as cabras. Cada uma produz, no período de safra, cerca de dois litros de leite ao dia. O produto é comercializado na própria fazenda a R$ 3,50 o litro. O valor é quase seis vezes superior ao pago pelo litro do leite de vaca, que está sendo comercializado a R$ 0,60 nesta época do ano em que o produto temuma valorização. E a fazenda também produz derivados de leite de cabra, vendidos no local. A clientela é fixa e fiel, afirma o produtor José Ângelo Lyra. Semanalmente, ele recebe clientes no Rancho das Cabras. E quem chega lá vê que a alimentação orgânica não é o único agrado para o rebanho.
A ordenha dos animais é feita manualmente. Desta forma se evitam doenças, como a mastite, e se prolonga a vida das cabras. Cada uma chega a produzir leite por mais de 12 anos – o tempo médio de produção é de quatro anos. “Aqui as cabras morrem de velhas. Não se abatem os animais.”
O curral é mantido sempre limpo e bem arejado. Atenção especial à comida, que é desidratada antes de ser servida. Mais atenção ainda com as mais velhas: na hora de deitar, o tratador ajuda para evitar que se machuquem. E uma cama é feita para que fiquem mais confortáveis.
Os animais são da raça leiteira saani, originária da Suíça. Esta é a única propriedade onde a espécie é criada em Campo Alegre. A atividade iniciou há dez anos, com um animal. Hoje, são 55 cabeças.
Para o engenheiro-agrônomo Gilson Brunquell, é graças a iniciativas como estas, inovadoras para a atividade agropecuária, que o criador consegue se manter no campo.
(Por Marcelo Miranda,
A Notícia, 06/08/2007)