Brasil e Argentina discutem a construção de uma usina hidrelétrica binacional no Rio Uruguai. De acordo com o o ministro argentino das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto, Jorge Taiana, o projeto – batizado de Garabi – já está sendo tratado em nível ministerial pelos dois países.
O chanceler se reuniu na sexta-feira (03/08) em Brasília com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e assegurou: "Já se está trabalhando e avançando de maneira bastante decidida nesta obra”.
Amorim destacou o interesse recíproco em cooperação na área energética: “Temos interesses comuns em nos ajudarmos mutuamente na área de energia, temos feito quando isso necessário. Num processo de integração da América do Sul, certamente haverá necessidade de energia. Teremos que usar todas as formas de energia”.
Os chanceleres reafirmaram o interesse na construção do Gasoduto do Sul, unindo Venezuela, Brasil e Argentina. Na última semana, durante inauguração de uma fábrica na Venezuela, o presidente Hugo Chávez havia lamentado o esfriamento do projeto. “É natural que essas coisas tomem tempo, não são projetos simples nem do ponto de vista técnico nem do ponto de vista empresarial e financeiro. Compreendo que as demoras que ocorrem gerem frustrações, mas pelo menos do nosso ponto de vista é um projeto que continua vivo”, assegurou Celso Amorim.
Com relação ao Banco do Sul, outro projeto que ainda não foi implementado –, Amorim e Taiana informaram que o tema será tratado por ministros de Economia da região, em reunião no dia 23, no Rio de Janeiro. “Queremos que o Banco do Sul fique pronto, mas certamente preparar um organismo regional dessa natureza é um trabalho que deve ser bem feito. Não vamos apurar, mas vamos trabalhar para fazer as coisas bem feitas”, disse Jorge Taiana.
Amorim garantiu que houve avanços em questões técnicas desde a reunião ministerial realizada em Assunção, em junho, quando foram lançados dois documentos com os princípios básicos para a constituição do banco. Mas também evitou fazer previsões sobre o lançamento da instituição regional de fomento. “Queremos que seja um banco que cumpra as finalidades de apoio ao desenvolvimento e que, ao mesmo tempo, seja tecnicamente sólido”, afirmou. “Hesito muito em fazer previsões de quando estas coisas vão acontecer, porque depende um pouco das negociações, mas temos interesse que avance rapidamente”, garantiu.
Na reunião de sexta-feira (03/08), que durou duas horas e meia, os chanceleres ainda analisaram outros temas da agenda bilateral, como comércio e investimentos, e cooperação nas áreas de defesa, espacial e nuclear. Amorim e Taiana recomendaram, aos vice-ministros de Relações Exteriores dos dois países, a criação de um comitê de acompanhamento da execução do chamado Iguaçu + 20 – compromissos assumidos em 2005, nas comemorações dos 20 anos da Declaração de Iguaçu (ato de integração bilateral entre Brasil e Argentina que deu origem ao Mercosul) .
Outros assuntos tratados foram as relações no âmbito do Mercosul e da União das Nações Sul Americanas (Unasul), atuação no Haiti e cooperação em organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização das Nações Unidas (ONU). “A Argentina é o principal aliado do Brasil – não só na região, mas no mundo”, resumiu Amorim.
(Por Mylena Fiori, Agência Brasil, 03/08/2007)