Evanira Maria de Lima, costureira há 33 anos, é associada a uma organização não-governamental em defesa da ecologia. Apesar de uma levar "uma vida difícil, responsável pelo sustento de uma família com cinco pessoas", ela conta que sempre se preocupou em fazer trabalhos comunitários e de preservação da natureza.
Há mais de 20 anos, relatou, conheceu Bento Viana, um "fotógrafo preocupado com o meio ambiente". E no trabalho como voluntários em uma comunidade perto de Brasília surgiu a idéia de confeccionar as primeiras bolsas de tecido para serem vendidas e ajudarem a entidade.
Em uma Kombi estacionada em uma das entrequadras de Brasília, ela faz consertos de roupas. Em casa, confecciona cortinas e as sacolas de pano para vender. E o fotógrafo, habituado a levar caixas ou sacolas de tecidas para trazer as compras do supermercado, chamava a atenção dos comerciantes e dos outros consumidores por rejeitar as sacolas de plástico.
“Isso nos motivou a buscar a melhoria do nosso trabalho, ou seja, uma bolsa melhor, com tecido e costura de boa qualidade para ser resistente. Um bolsa onde coubessem as compras do supermercado, da feira, mas também pudesse ser levada a outras lojas, por ser bonita e colorida e usável em qualquer situação”, disse Bento Viana, que encomendou a Evanira as primeiras cem unidades.
Para ela, uma ajuda no orçamento e a satisfação do trabalho de ajudar o meio ambiente. Evanira lembrou que os consertos de roupas na Kombi e as eventuais encomendas de cortinas nem sempre foram suficientes para pagar as contas. "Chegou esse extra e tem auxiliado a mim e a outras pessoas", disse. Dos cerca de R$ 2 mil mensais, o orçamento subiu em aproximadamente R$ 900 com a confecção das sacolas, "que ainda está no começo".
O proprietário do mercado já comprou outras 300 unidades e mais 300 estão encomendadas. Elvira e Bento já pensam em montar um pequeno negócio de confecção de sacolas de tecido. Com isso, disse Evanira, “vou poder auxiliar mais a minha família e vou ajudar outras pessoas que também precisam, porque vou precisar de mais gente para trabalhar comigo”.
Bento lembrou que "vivemos a cultura dos descartáveis e precisamos, em muitos sentidos, ver como antigamente, porque as coisas eram feitas para durar mais, com muito mais qualidade". E acrescentou: "É preciso cada um se movimentar e fazer a sua parte”.
(Por Gláucia Gomes, Agência Brasil, 05/08/2007)