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parque nacional do xingu
2007-08-06

Embora manifeste preocupação diante da expansão prevista para a soja no Mato Grosso, o coordenador do Programa Xingu, do Instituto Sociambiental (ISA), André Villas-Bôas, aponta um aumento na conscientização no estado sobre a importância de preservar os recursos hídricos.

“Você começa a notar um consenso de que isso é básico, e um entendimento claro de que água é uma questão econômica”, diz o antropólogo, que destaca a existência de diferentes graus no processo de colonização no estado. Ele diz que em parte das ocupações recentes se verifica uma preocupação maior com os parâmetros ambientais, que se reflete num planejamento mais cuidadoso da propriedade rural. “Mais ao sul, onde estão os maiores passivos ambientais [isto é, mais degradação a reverter], há uma conscientização sobre os danos. Os proprietários puderam ver que, ao longo dos anos, secaram grotas de água, determinados córregos. Viram que a ocupação teve um impacto muito grande.”

O instituto trabalha, desde 2004, com a campanha ‘Y Icatu Xingu, que visa à recuperação das nascentes da região – muitos dos rios que formam o Xingu nascem fora do território indígena. Entre as estratégias da iniciativa, que tem como meta revitalizar 300 mil hectares degradados do mata ciliar (que margeia cursos d’água), estão a formação de uma rede de sementes de espécies nativas, a capacitação de líderes e a promoção do desenvolvimento sustentável por intermédio da mídia local e de escolas.

As práticas a disseminar incluem o uso de curvas de nível, entre outras formas de controle da erosão, e a observância de critérios para a abertura de estradas. Além disso, há cerca de 20 projetos pilotos buscando estabelecer formas de recuperação de vegetação adequadas para pequenas e grandes propriedades e assentamentos de reforma agrária.

“No caso da agricultura familiar, eles podem continuar usando a mata para culturas de subsistência, num método de agroflorestação, e no final do processo já se tem uma mata em recuperação”, diz Villas-Bôas. “Quando se trata da pecuária, você precisa isolar a área, evitar que o gado pisoteie as nascentes. Geralmente os grandes proprietários são resistentes ao trabalho de recuperação, e por isso estamos desenvolvendo metodologias para diminuir os custos e aumentar a eficácia.” Ele cita o experimento com o uso de plantadeiras agrícolas no plantio de sementes de árvores amazônicas.

Segundo o coordenador, o ISA trabalha com vários parceiros no estado, entre eles ministérios e órgãos do governo federal, prefeituras, instituições de pesquisa e organizações da sociedade civil. “Deveria haver linhas de crédito nos bancos, um pouco mais subsidiado, para esse tipo de investimento”, opina.

André Villas-Bôas compara o Xingu a um ralo dos processos que acontecem na região. Sobre poluição na água que chega aos índios, diz não conhecer dados conclusivos, mas conta que está em curso um estudo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e o povo Kinsedje (ou Suyá) sobre o Rio Pacas, que corta áreas de soja e de pecuária a leste e entra no parque. “A entrada da ANA [Agência Nacional de Águas] nesse monitoramento vai permitir ampliar isso e ter uma visão integrada sobre a saúde dos afluentes do Xingu”, comenta.

Quanto às hidrelétricas previstas para a região, o antropólogo opina que existe uma série de dúvidas a esclarecer, em relação principalmente aos impactos na população de peixes – uma das principais fontes de alimento para os povos xinguanos. O Complexo de Usinas Paranatinga, para abastecimento estadual, está em construção no Rio Kuluene, e a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, é um dos principais empreendimentos de energia destacados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

“Inicialmente, o principal impacto da Paranatinga é a forma de implantação, um processo absolutamente irresponsável e desastrado”, critica o representante do ISA. “Não foi feito um trabalho de consulta regional. Houve um processo de cooptação de lideranças indígenas com um impacto imenso. Os Villas-Bôas demoraram 30 anos para um trabalho de pacificação, para que etnias, algumas até inimigas, convivessem [refere-se aos irmãos Cláudio, Orlando e Leonardo, que estiveram à frente da criação do parque]. E agora o Estado, que era importante nessa mediação, começa a promover a divergência entre esses povos para legitimar uma obra.” 

(Por Pedro Biondi, Agência Brasil, 05/08/2007) 


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