Vidros, plásticos, sucata, papéis, jornais. Para muitos, lixo. Para outros, matéria-prima da melhor qualidade. Nas mãos de artesãos, artistas plásticos e decoradores, garrafas PET se transformam em pufes, tambor de freio em base para abajur, coador de café em luminária, latas de achocolatado em porta-treco. E o resultado são peças originais, que enfeitam a casa e abraçam conceitos como o ecologicamente correto e a fabricação sustentável.
O lema reutilizar saiu das cartilhas de ecologistas e ganhou a atenção de decoradores. Agora, a aposta é que cada vez mais conquiste o lar, doce lar do brasileiro. Afinal, além de tirar o lixo da natureza as peças enfeitam os ambientes da casa. "Reciclar é uma idéia moderna. No meu ateliê nada vai para o lixo", explica a artesã Luciana Gastal. "Fazemos arte do lixo. Sinto as pessoas receptivas e interessadas", completa o artista plástico Ramon Rocha.
Na cooperativa 100 Dimensão, que fica no Riacho Fundo, a idéia de transformar o lixo em arte surgiu, antes de mais nada, da necessidade de aumentar a renda das famílias da comunidade. "A questão ecológica começou pela barriga e, com o passar do tempo, virou cultura", explica Vonaldo Lopes, coordenador da oficina de PET da cooperativa. Hoje, a 100 Dimensão faz arte, mas para eles o bacana é mesmo aliar o trabalho à preservação. "Nossa idéia é tirar o isopor da natureza. Quando o PET ficar escasso, vou achar ótimo. Aí a gente inventa outra coisa para fazer arte", brinca.
Exemplos de utensílios feitos com material reciclado:
Pufes em estrutura com 48 garrafas PET, da 100 Dimensão. R$ 50 cada.
Porta-treco em latas de achocolatado ou leite em pó, de Luciana Gastal. R$ 10 cada.
Caixa de sobras de sucata, por Ramon Rocha. R$ 350 .
Cadeira trançada com jornal, da 100 Dimensão. R$ 60.
Luminária em papel para coar café, de Simone Oliveira para German Interiores. Pequena, R$ 350; média, R$ 380; e, grande R$ 320.
(Por Candice Alcântara, Correio Braziliense, 05/08/2007)