A queda do dólar e a facilidade de pagamento estimulam o consumo de equipamentos eletrônicos, principalmente computadores e celulares. Em Brasília, a família de Gisele Fernandes é tão apaixonada por tecnologia que conta com cinco computadores, quatro palm-tops, cinco televisores, três DVDs e cinco aparelhos de MP3. Tudo isso em uma casa onde vivem quatro pessoas. “Acabei comprando um laptop na semana passada”, conta a médica.
A aquisição de novos produtos leva a um questionamento: para onde vão (ou deveriam ir) os antigos aparelhos, que não servem mais? Para Denise Imbroisi e Antônio Guarita, professores de química da Universidade de Brasília (UnB), o descarte de eletrônicos no lixo comum representa riscos para a população e o meio ambiente. Os metais utilizados na fabricação desses produtos podem ser perigosos.
“Se você tem um tubo de televisão, por exemplo, quando esse tubo é quebrado, pode afetar o solo e um lençol freático, e acabar contaminando o ser humano por conta disso”, explica Denise. Já o mercúrio, contido em lâmpadas, pode causar problemas de estômago, distúrbios renais e neurológico, além de alterações genéticas, segundo os professores.
O cádmio, presente nas baterias de celulares, causa câncer, afeta o sistema nervoso, provoca dores reumáticas e problemas pulmonares. Por sua vez, o zinco, usado na galvanização do aço dos computadores, pode provocar vômitos, diarréias e problemas pulmonares.
O manganês, usado em ligas metálicas de computadores, desencadeia anemia, dores abdominais, vômito, impotência e tremores nas mãos. O cloreto de amônia, produto encontrado nas pilhas, pode causar asfixia. E o chumbo, usado para soldar os componentes eletrônicos, provoca irritabilidade, tremores musculares, lentidão de raciocínio, alucinação e insônia.
Os professores observam que a solução ideal seria levar esses produtos para aterros industriais. Mas faltam locais no País destinados a essa finalidade.
(
G1, 02/08/2007)