As alterações climáticas constituem um sério desafio global e o ambiente Australiano é particularmente vulnerável às alterações climáticas mundiais. O nosso clima variável e susceptível às secas, os nossos bens naturais, como a Grande Barreira de Corais, e a proximidade das nossas construções às regiões costeiras constituem potenciais impactos significativos para a Austrália.
A economia Australiana necessita, por isso, de se preparar para um futuro com limitações ao nível do carbono. A nossa economia – baseada historicamente nos combustíveis fósseis, agricultura e baixos preços da energia – urge por uma significativa mudança estrutural e tecnológica, se queremos atingir as exigências a que nos propomos. Actualmente, a Austrália pretende atingir a meta de 108% dos níveis de emissões de 1990 durante o período de 2008-12, o que não tem sido fácil, não obstante os avultados investimentos que têm sido feitos com vista a este resultado.
O Governo Australiano tem também um objectivo a longo prazo: reduzir as emissões, de forma a garantir a segurança quanto ao investimento e contribuir para os esforços internacionais. Para o efeito, iniciar-se-á um plano de comércio de emissões, até 2012, como mecanismo primário para atingir o objectivo proposto. O comércio de emissões reduzirá a insegurança, melhorará o ambiente para o investimento e reforçará os incentivos para o desenvolvimento e colocação de novas tecnologias. Encorajar-se-ão igualmente oportunidades económicas nas áreas das tecnologias de emissões reduzidas e da eficiência energética e através de compensações de carbono, tais como plantações florestais.
A Austrália procura também respostas internacionais eficazes para estabilizar as emissões de gases com efeito de estufa em concentrações que evitem níveis perigosos para as alterações climáticas. Um quadro internacional eficaz deverá incluir todos os principais emissores, ter em conta as diferentes circunstâncias e objectivos nacionais com vista ao desenvolvimento sustentado e permitir aos países adoptarem uma série de políticas que lhes permita reduzir as respectivas emissões. Apoiamos os esforços para desenvolver um consenso global para um objectivo comum apropriado para a redução de emissões. Contudo, isto não significa necessariamente a implementação de políticas e medidas comuns; nem deverá excluir um conjunto de abordagens que limitem as emissões de gases com efeito de estufa.
Por outro lado, a Austrália continuará a liderar no domínio das alterações climáticas, não só a nível internacional, mas também na região Ásia-Pacífico. O primeiro-ministro Australiano, John Howard, colocou a questão das alterações climáticas na agenda da Reunião de Líderes para a Cooperação Económica Ásia-Pacífico, que terá lugar em Setembro de 2007. Este encontro constitui uma oportunidade histórica para criar um consenso internacional sobre os meios práticos e eficazes para fazer face às alterações climáticas. As iniciativas Australianas, tais como a Parceria Ásia-Pacífico para o Desenvolvimento e Clima Limpos, a Iniciativa Global para as Florestas e para o Clima e o Grupo de Coordenação Conjunto Austrália-China sobre Tecnologias a Carvão Limpas, poderão servir de modelo a nível internacional.
De igual modo, cooperar para a adaptação às alterações climáticas poderá ser um alicerce com vista a disposições internacionais mais alargadas. O Governo Australiano tem vindo nomeadamente a trabalhar para reforçar a capacidade das nações do Pacífico para se adaptarem às alterações climáticas. A este respeito poder-se-á apontar como exemplo o orçamento de auxílio ao desenvolvimento externo para 2007-08 que incluiu 33 milhões de dólares para as parcerias com organizações internacionais com iniciativas concernentes à adaptação às alterações climáticas e à sua atenuação. Assim, a Austrália está a contribuir, por um lado, para a redução global de emissões, o que atenuará alterações climáticas perigosas. Por outro lado, e através de abordagens práticas e cooperativas, contribui para assegurar uma resposta global eficaz e polivalente, utilizando todos os canais internacionais disponíveis para o efeito.
(Por Luke Williams, Embaixador da Austrália, Diário Econômico, 03/08/2007)