Os estudos apresentados recentemente a respeito de uma possível falta de energia elétrica nos próximos anos são alarmistas na avaliação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e ex-secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim. "Esses estudos não condizem com a realidade. São tendenciosos e alarmistas", afirmou, após proferir palestra na conferência "Brazil 2020: crescimento de longo prazo e estratégias de investimento", realizado em São Paulo.
Segundo ele, é "estranhíssimo" que esses trabalhos sejam divulgados às vésperas de leilões de energia. "Sabemos que quanto maior o preço, maior a perspectiva de retorno e é claro que existem interesses (na divulgação)", afirmou.
De acordo com o presidente da EPE, apesar das pressões, não existe também "justificativa moral" para que os preços das tarifas sofram reajustes. "Lamento que esses estudos criem um ambiente ruim e acabem afugentando quem não está informado", disse, acrescentando que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também apresentou levantamentos mostrando que o setor elétrico está dentro dos padrões.
HidrelétricasTolmasquim afirmou também que é preciso intensificar os investimentos em hidrelétricas para ampliar a oferta de energia, porque esta fonte de recurso é melhor não só do ponto de vista ambiental, mas também sob a perspectiva econômica. Ele disse ainda que é preciso uma esforço por parte dos responsáveis pela concessão de licenças ambientais para que novos projetos saiam do papel.
"Dizer que uma hidrelétrica tem impacto zero sobre o meio ambiente não é verdade. Mas este impacto é menor do que o de outras fontes. Economicamente, a construção de uma hidrelétrica é mais razoável por se tratar de uma fonte de energia mais barata", considerou.
'Vitrine'O presidente da EPE afirmou que apesar de o Brasil ter usado apenas um terço do seu potencial hidrelétrico, o País é um exemplo para o mundo e é uma vitrine. Segundo ele, apesar de outras fontes de energias estarem sendo utilizadas, não há previsão de encarecimento dos preços porque essa utilização é ainda marginal.
"Mas se não mudarmos essa tendência, a energia poderá ficar mais cara no futuro", disse. "O importante é que a gente deixe de fazer essa demonização das hidrelétricas, pois elas não são nefastas, são importantes para o Brasil", acrescentou.
A partir de 2021, o desafio do País, segundo Tolmasquim, é o de buscar não só o suprimento de energia elétrica, mas também a garantia de menor preço e maior qualidade. "Temos de lutar por essas duas condições também. Esta é a meta e envolve as áreas ambientais", comentou.
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Agência Estado, 02/08/2007)