Na próxima quinta-feira (09/08), a partir das 10 horas da manhã, a cidade de Cuenca será tomada pelas comunidades camponesas da Coordenação Nacional pela Defesa da Vida e da Soberania. O ato simbólico é para despertar e mobilizar as cidades a participar da luta contra as transnacionais mineiras que ameaçam aos equatorianos.
Para os organizadores do ato, as comunidades camponesas e as populações das cidades em todo o Equador estão hoje ameaçadas pelos mega projetos das transnacionais mineiras: "É por isso que milhares de famílias estão em uma tenaz resistência para defender seu território, sua forma de vida, sua produção agropecuária, e sobretudo o recurso vital: a água". As transnacionais da "comida contaminada" e os produtos transgênicos querem fazer desaparecer os pequenos e médios produtores para acabar com esse "mercado interno" de pequenos produtos agropecuários que ainda subsiste precariamente no país.
As comunidades se reunirão no Parque Calderón, para o início do diálogo pela vida. "Chegaremos a Cuenca, como um bando que agitando suas asas fará falar ao vento para levar aos irmãos da cidade nossa mensagem de dignidade nacional e amor pela vida", disse o comunicado de imprensa da Coordenação.
Em todo o mundo, o impacto negativo das transnacionais é sentido pelas populações. Algumas ficam sem água, em outras essa está contaminada ou acaparada. Em San Miguel, Ixtahuacán, San Marcos Guatemala, faz três anos iniciou o projeto mineiro Marlin, da companhia Montana Exploradora subsidiária da transnacional GOLDCORP. O projeto utiliza 250 mil litros de água por hora, enquanto uma família camponesa utiliza 30 litros por dia, ou seja, que o que a mineradora usa em 1 hora uma família camponesa utilizaria em 22 anos. Há um ano, seis poços dos que abasteciam as famílias do lugar estão secos.
O italiano Flaviano Blanchini realizou um estudo no rio Tzala em Sicapaca, encontrando contaminação por drenagem ácida. O caudal apresenta 80 vezes mais do limite de cobre, 13 vezes mais o de alumínio e 2,5 o de manganês. O cobre pode causar mutações no ADN, cirrose hepática, problemas na pele, dentes e cabelo.
Desde o dia 5 de junho, as comunidades estão em uma manifestação nacional lutando pelos milhares de mulheres, homens, meninos, meninas, jovens e pessoas da terceira idade que vivem nas cidades, que comem o que o campo produz. O campo é que abastece às cidades e proporciona a soberania alimentar de grande parte da casta familiar.
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Adital, 02/08/2007)