Com medo de o país vir a enfrentar no futuro um novo racionamento de energia, algumas distribuidoras estão dispostas a investir pesado na geração. A Light é uma delas e está montando um consórcio que será formado por cinco grandes distribuidoras de energia do país com o objetivo de entrar na disputa para construção das usinas de Santo Antônio e Jirau, no complexo do Rio Madeira, em Rondônia. A informação foi dada, nesta quinta-feira, pelo presidente da Light, José Luiz Alquéres, ao afirmar que, até o momento, duas empresas já teriam praticamente confirmado sua participação no consórcio. Uma outra estaria quase certa.
A idéia, segundo Alquéres, é formar o consórcio com cinco distribuidoras para facilitar a governança, com cinco membros no Conselho de Administração e decisões por maioria, com a presidência da empresa alternada entre os cinco sócios. Dentre as empresas procuradas pela Light estão a Companhia Paulista Força e Luz (CPFL), Cemig, Endesa, Neoenergia e Energias do Brasil.
- O que motivou as distribuidoras a entrarem no leilão é que, caso haja um novo racionamento, os maiores prejudicados serão a economia do país, as distribuidoras e os consumidores. Quem tem que se preocupar com isso somos nós, as distribuidoras. Nós temos uma enorme preocupação de não ter energia para vender, afinal é o nosso negócio - disse Alquéres.
O presidente da Light acredita que o governo vai promover um leilão para as usinas do Rio Madeira que incentive a competição entre as empresas participantes.
- Acho que a visão do governo é promover a competição no leilão. E por isso nos animamos por ser um processo competitivo e isonômico. Qualquer distorção evidentemente é um fator altamente desmotivador para qualquer concorrente. Se alguém está casado com um parceiro muito forte, ou com algum tipo de exclusividade que prejudique a competição, não será bom - destacou Alquéres, referindo-se à atual polêmica no setor sobre a possibilidade de a construtora Norberto Odebrecht entrar no leilão junto com Furnas.
- A presença de Furnas junto com um parceiro no leilão pode impedir inderetamente a presença do grupo Eletrobrás em outros consórcios - destacou Alquéres.
O primeiro projeto de interesse do grupo de distribuidoras é o da usina de Santo Antônio. Caso o consórcio venha a ser efetivamente formado e ganhe o leilão da usina de Santo Antônio, que tem investimetnos previstos da ordem de US$ 3 bilhões, para a Light representaria um aumento da ordem de 20% nos investimentos anuais, ou seja, cerca de R$ 64 milhões anuais
(Por Ramona Ordoñez,
O Globo, 01/08/2007)