A Eletrosul vai gerar energia de novo. A estatal teve as usinas privatizadas em 1998, mas, ontem, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a financiar até R$ 1,8 bilhão para que a empresa construa e opere duas hidrelétricas.
Os empreendimentos, Mauá e Passo São João, localizam-se, respectivamente, no PR e no RS. Neste, as obras estão prestes a começar, dependem da liberação de licença ambiental, segundo o presidente, Ronaldo dos Santos Custódio.
A usina hidrelétrica gaúcha custará R$ 260 milhões. A previsão para geração é janeiro de 2010. A capacidade será de 77 megawatts.
A usina do PR será construída em parceria com a Companhia Paranaense de Energia. O empreendimento deve produzir 362 megawatts. A previsão para geração é janeiro de 2011. O investimento deve chegar a R$ 1 bi.
Custódio explica que a volta à geração ocorreu pela reestruturação do setor em 2004. Agora, as estatais podem, por exemplo, participar de leilões de energia e tomar financiamentos.
Fiesc descarta escuridão, se PIB não ultrapassar 5%- Com a mudança na legislação, fomos autorizados a reinvestir e o faremos, inicialmente, com dois empreendimentos. Conseguimos a autorização, e agora vamos discutir os termos do financiamento - explicou.
A previsão é que os recursos sejam liberados ao longo dos próximos três anos e cheguem a 70% para o valor de cada usina. Mauá deve receber do BNDES até R$ 700 milhões e Passo São João, até R$ 190 milhões.
O presidente da Câmara de Energia, da Federação das Indústrias de Santa Cataria (Fiesc), Albano Schmidt, minimizou as possibilidades de um novo apagão elétrico a partir de 2010, se as atuais taxas de crescimento da economia persistirem. O tema vem sendo abordado por analistas, em decorrência da escassez de investimentos em infra-estrutura.
Para Schmidt, as condições hidrográficas são satisfatórias para a geração e o setor elétrico tem recebido aplicações que permitem afastar a escuridão em três ou quatro anos.
- A Fiesc acredita que, com um PIB na casa dos 4%, a situação é sustentável e segura. Mas, se houver surpresas e a economia crescer mais de 5% por ano, essa condição de apagão pode ser antecipada.
Para Custódio, as conversas sobre o tema não têm fundamento técnico.
- Antes do apagão de 2001, não havia planejamento. De lá para cá, isso tem sido fundamental e tem havido investimentos e leilões de energia, que são, na verdade, contratação de energia com cinco, seis anos de antecedência. Isso é planejamento.
(Felipe Faria,
Diário Catarinense, 02/08/2007)