A China atribuiu na quarta-feira (01/08) ao aquecimento global as inundações que já mataram 700 pessoas neste ano e as secas que deixaram mais de 7 milhões com pouco acesso a água. Song Lianchun, diretor do Departamento de Previsões e Mitigação de Desastres da Administração Meteorológica da China, disse que esses episódios devem se tornar piores e mais frequentes no futuro. "Deve-se dizer que uma das razões para os extremos climáticos neste ano foi a circulação atmosférica excepcional provocada pelo aquecimento global", disse Song em entrevista coletiva transmitida ao vivo pelo site do
governo.
"Esse tipo de extremos se tornará mais frequente e mais óbvio. Isso já foi comprovado pelos fatos. Acho que o impacto sobre nosso país será definitivamente muito grande." Cerca de 7,5 milhões de chineses sofrem com a seca numa ampla faixa do sul ao nordeste do país. Em algumas províncias, mais de um terço das lavouras foi atingido, e o sistema elétrico está sobrecarregado pelas temperaturas que às vezes superam 40 graus.
A agência de notícias Xinhua disse que "analistas esperam que, no próximo período, as áreas afetadas pela seca continuarão quentes e terão poucas chuvas. A seca vai se espalhar e ficar mais séria". Enquanto isso, tempestades na província de Shanxi (norte) mataram mais de 20 pessoas e destruíram mais de 4.000 casas. Em um condado da província, houve 36 horas contínuas de chuva entre a noite de sábado e a segunda-feira.
Há outros 26 mortos e 26 desaparecidos na vizinha província de Shaanxi depois das tempestades dos últimos dias, enquanto 21 pessoas morreram e 61 estão desaparecidas na província de Henan (centro), segundo a Xinhua. A China avança rapidamente para substituir os EUA como maior emissor mundial de gases do efeito estufa. Da mesma forma, cresce a pressão internacional para que o país aceite limites às emissões de dióxido de carbono por fábricas e carros, já que esse é o principal fator responsável pelo efeito estufa no planeta.
Pequim rejeita os limites obrigatórios, mas vem demonstrando maior empenho em questões ambientais e energéticas. Além disso, a China alega que só vai se obrigar a limitar as emissões de carbono se os EUA fizerem o mesmo. "A mudança climática global é em grande parte resultado de um longo histórico de emissões e das atuais emissões per capita elevadas nos países desenvolvidos", disse o chanceler Yang Jiechi, em uma reunião do bloco regional Asean nas Filipinas, segundo seu porta-voz.
"Portanto, os países desenvolvidos devem continuar a liderar os esforços para reduzir as emissões após 2012 (quando expira o Protocolo de Kyoto), transferir tecnologia aos países em desenvolvimento e promover o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento." "Historicamente, as emissões de gases do efeito estufa dos países em desenvolvimento são baixas, e são emissões para a sobrevivência e o desenvolvimento", disse Yang.
(Por Ben Blanchard,
Reuters, 01/08/2007)