A energia nuclear deve ser considerada uma fonte útil de energia, disse um influente cardeal católico na quarta-feira (01/08), criticando países que proibiram tal tecnologia. Entrando em um debate que divide os ambientalistas, o cardeal Renato Martino disse que a energia nuclear deve ser parte de uma matriz energética equilibrada, junto com "formas de energia limpa". Muitos ativistas consideram que a energia atômica é insustentável e insegura.
"Com exigências de segurança máxima em vigor para as pessoas e o meio ambiente, e com uma proibição do uso hostil da tecnologia nuclear, por que o uso pacífico da tecnologia nuclear deveria ser proibido?", argumentou Martino, ministro da Justiça da Santa Sé, à Rádio do Vaticano. O programa nuclear iraniano chama a atenção para as preocupações com a proliferação de armas nucleares, enquanto muitos países europeus escolheram não ter usinas nucleares devido a preocupações com o meio ambiente e possíveis acidentes. Martino disse que tal política pode ser contraproducente.
"Excluir a energia nuclear por causa de um princípio pré-concebido ou por temores de desastres pode ser um engano e, em muitos casos, pode ter efeitos paradoxais. Deve-se pensar na Itália, que abandonou a produção de energia nuclear em 1987, mas que importa o mesmo tipo de energia da França", disse Martino, ex-núncio apostólico na ONU. Em 1986, logo após o desastre da usina de Chernobyl (Ucrânia, então União Soviética), os italianos votaram em referendo pelo fim do uso da energia nuclear.
Defensores da tecnologia dizem que ela pode reduzir a dependência em relação a combustíveis fósseis, que emitem os gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. No domingo, o papa Bento 16 marcou o 50o aniversário da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) pedindo "um desarmamento nuclear progressivo e acordado, e o favorecimento ao uso pacífico e garantido da tecnologia nuclear para o real desenvolvimento".
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Reuters, 01/08/2007)