Um novo conjunto de computadores permitirá ao Brasil dar um salto na previsão do tempo e nos estudos sobre a mudança climática no país. Terça-feira (31/07), no aniversário do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), começaram a operar processadores mais potentes que vão ampliar em várias vezes a capacidade de computação do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), sediado em Cachoeira Paulista (SP).
A novidade, com custo de US$ 2,4 milhões, é um equipamento de transição, que prepara o centro de processamento do CPTEC para a chegada de um supercomputador, prevista para o período 2008-2010.
Até agora o equipamento disponível no centro permitia realizar 768 bilhões de operações aritméticas por segundo, segundo o pesquisador José Paulo Bonatti, chefe da Divisão de Modelagem e Desenvolvimento. Isso é um sétimo da potência do novo "cluster" --conjunto de processadores--, que faz 5,7 trilhões dessas operações. O próximo supercomputador, custando dez vezes mais que o aprimoramento feito agora, chegará a 40 trilhões de operações por segundo.
Este ambiente de computação, de centenas a milhares de processadores na mesma máquina, é conhecido como "massivamente paralelo". Em uma comparação limitada, o novo equipamento do Inpe equivale a 1.100 computadores pessoais.
Questão de precisão Hoje o CPTEC consegue prever o tempo na América do Sul em "quadrados" de 20 km de lado nos quais se pode obter com precisão um valor de temperatura, vento e pressão médios.
O novo "cluster" servirá "para aumentar o detalhamento da previsão regional, de uma área de 20 km de lado, para uma de 15 km e depois para 5 km", diz Bonatti. "Quanto menor a região, melhor a precisão."
O novo sistema permitirá desenvolver novos "superprogramas" para que não se perca tempo útil de operação do futuro supercomputador.
Além da previsão do tempo mais precisa, devem melhorar os estudos dos cenários de mudança climática no Brasil, que demandam grande potência computacional.
A pesquisa climática nem sempre corresponde ao senso comum. Se para as pessoas um fenômeno climático impressiona por sua intensidade dramática, para os pesquisadores da mudança global o mais importante é saber a freqüência desse tipo de evento.
(Ricardo Bonalume Neto,
Folha de S.Paulo, 01/08/2007)