Em Manuel Urbano, município distante 215 quilômetros de Rio Branco (AC), um grupo de pescadores e comunitários está unido em prol de um projeto: o Manejo Participativo do Pirarucu. A iniciativa vem sendo trabalhada desde 2002 pela Secretaria de Assistência Técnica e Extensão Agroflorestal (Seater), em parceria com a organização não-governamental WWF.
Com intuito de aproveitar o número de visitantes da Expoacre, os resultados do projeto, que atua também em Sena Madureira, estão sendo apresentados no Parque de Exposições, na área do Sistema de Produção Sustentável, onde duas piscinas foram colocadas com a famosa espécie do peixe da Amazônia, o pirarucu. Além disso, os visitantes são convidados a participar da Feira do Pirarucu que acontece de 17 a 19, próximos, em Manoel Urbano.
Devido a intensidade e o descontrole da pesca na região do Alto Purus, nos últimos 20 anos, a quantidade e a qualidade do pescado diminuiu, a partir desse fato surgiram também conflitos entre comunitários e pescadores da região. O projeto do Manejo Participativo da Pesca na região tenta solucionar o problema. Ações de pesquisa, educação e organização são desenvolvidas em Manoel Urbano, Sena Madureira e também Boca do Acre.
Mais que atrativos, as duas piscinas cheias de peixe na Expoacre servem para chamar a atenção a uma prática que pode ser solução de um problema grave. Legalmente, a proteção do pirarucu da Amazônia começou em 1991, quando o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) criou a portaria de nº 480 proibindo a sua pesca no período de reprodução, desova e cuidados parentais.
Tirar o pirarucu dos rios é permitido no período de junho e novembro, quando pode ser capturado e comercializado, mas atendendo a exigência dos tamanhos que o peixe deve ter. A Seater aposta no projeto que tem como ferramenta atuar na legalidade, com a conscientização da proteção que o peixe deve ter para não ser mais um na lista dos animais extintos.
ResultadosO projeto de Manejo Participativo do Pirarucu começou segundo o coordenador, Carlos Leopoldo, em 2002, com um diagnóstico realizado entre a comunidade ribeirinha, para depois propor alternativas de trabalho. Em 2004, fóruns municipais de pesca foram realizados e trouxeram respostas. O acordo de pesca foi criado, assim como o manejo do pirarucu e outros. Só então, as atividades foram implementadas.
O consultor do projeto, Marcelo Apel, que atua pela WWF, diz que hoje resultados são significativos e apontam ao sucesso da iniciativa. Com três lagos em Sena Madureira e mais três em Manoel Urbano já é possível comemorar. "O lago de Santo Antonio, em Manoel Urbano, por exemplo, triplicou o número de peixes. Esse ano são 187 pirarucu só nele, por isso, a Feira do Pirarucu Manejado do município será realizada", comenta. Segundo Marcelo, a Expoacre é uma boa oportunidade para divulgar tudo isso.
(Por Andréa Zílio,
Página 20, 01/08/2007)