O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prevê lançar 11 satélites de 2008 a 2020 para dar respostas rápidas de ação ao País em decorrência das mudanças climáticas futuras. Este é um dos nove objetivos previstos no primeiro Plano Diretor para o período 2007-2011 da entidade, que será anunciado oficialmente amanhã, em comemoração ao aniversário de 46 anos do Inpe, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
O coordenador de Planejamento Estratégico e Avaliação do Inpe, cientista Décio Castilho Ceballos, disse que a iniciativa de formalizar o Plano Diretor, com base num planejamento estratégico para até 2020, ajudará não apenas a estipular objetivos e metas para enfrentar os cenários futuros, mas também garantir, junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia, as verbas necessárias no Plano Pluri Anual (PPA) 2007-2011. Nele, o Instituto negocia um aumento de verbas globais para o Inpe de cerca de 42%, passando de R$ 140 milhões anuais para R$ 200 milhões. "Apenas para cumprir o planejamento estratégico, precisamos aumentar as verbas para lançamento e desenvolvimento de satélites dos atuais R$ 100 milhões anuais para R$ 150 milhões", explica Ceballos.
O Inpe já desenvolveu, sozinho ou em parceria com outros países, seis satélites, dos quais dois continuam em funcionamento, que são o CBERS-2 e o Satélite de Coleta de Dados-2 (SCD-2). O primeiro, feito em cooperação com a China, possui sensores para captar mudanças ambientais; o segundo serve como retransmissor de plataformas de coletas de dados ambientais em território nacional, que auxiliam na previsão de tempo e clima. Para setembro está previsto o lançamento do CBERS-2B, feito com peças remanescentes da versão 2, mas que terá uma nova câmera de observação da Terra.
"A partir de 2009, será pelo menos um satélite por ano, como, por exemplo o Amazônia, desenvolvido aqui no Inpe que vai monitorar queimadas na Amazônia; o MAP Sar em 2013, um satélite de sensoriamento remoto com tecnologia de radar; o GPM em 2014, que medirá precipitações globais de chuva, entre outros", enumera.
ContrataçõesPara Ceballos, o principal foco nos próximos 20 anos nessa área de satélites será aprimorar sua aplicação na agricultura e meio ambiente. "Continuamos lutando para dominar a tecnologia, mas o nosso foco principal será a aplicação do equipamento, o grau de impacto social e de benefícios que eles podem trazer à sociedade", explica.
Como foi informado há duas semana, o planejamento estratégico também indica a necessidade da contratação de 200 pesquisadores, engenheiros e técnicos para a criação de uma nova área de pesquisa chamada de "ciência do sistema terrestre e mudanças climáticas" e a compra de um novo supercomputador, avaliado em até R$ 70 milhões, para que os cientistas brasileiros tenham autonomia dos centros de pesquisas internacionais para prever o real impacto do aquecimento global e seus efeitos no Brasil.
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Agencia Estado, 31/07/2007)