Situada no município de Sertânia, a 326 quilômetros de Recife, até o final da década de 50, a comunidade de Caroalina destacava-se pelo uso de caroá (bromélia típica da região Nordeste, do qual se aproveita principalmente as fibras) para a confecção dos seus produtos. Em meados dos anos 50, entretanto, com o crescimento do mercado de sisal (planta de onde também se aproveitam as fibras), o caroá foi perdendo espaço e, em pouco tempo, as cerca de cem usinas pernambucanas encerraram as suas atividades com o produto.

A falta de trabalho para as centenas de famílias de Caroalina que viviam do Caroá deixou a população sem perspectiva e necessitada de novas fontes de renda. Diante dessa necessidade, a associação Plantas do Nordeste implantou na comunidade o projeto Mulheres na Produção Artesenal em Caroalina, do qual participam dez produtoras pertencentes a nove famílias. Além delas, atualmente participam outros membros da comunidade em diversas atividades produtivas. Ao todo, estima-se que aproximadamente 70 pessoas sejam diretamente beneficiadas.

"A Associação surgiu da necessidade de uma organização formal e legalizada do grupo e foi sendo construída ao longo do tempo. Inicialmente, consistiu de um grupo informal. Atualmente, é uma associação totalmente legalizada e desempenha o papel de facilitador e organizador do próprio grupo de mulheres, acesso a serviços formais e a apoios diversos ", conta Lúcia Helena, uma das coordenadoras do projeto. Hoje, as mulheres estão organizadas na Associação das Mulheres Produtoras de Caroalina, onde confeccionam produtos fitoterápicos (xarope, pomada, chás, sabonetes, shampoo, condicionador) e artesanais (papel e fibra de caroá).  

Contando com o patrocínio do Programa Petrobrás Fome Zero, a Associação das Mulheres Produtoras de Caroalina tornou-se uma entidade não-governamental, sem fins lucrativos, que tem como missão a promoção de emprego, capacitação e melhoria da qualidade de vida na comunidade de Caroalina. As principais ações da Associação incluem a capacitação, organização e produção com o caroá. Paralelamente, é trabalhada a construção da cidadania através da promoção e integração de atividades culturais na comunidade e o intercâmbio do grupo com outras comunidades, feiras e experiências externas.

Além da geração de renda, o projeto está proporcionando às produtoras de Caroalina o resgate da cultura local, contribuindo assim para a melhoria da auto-estima e a valorização das mulheres. O projeto resultou ainda em outras conquistas. Graças a uma intervenção associação Plantas do Nordeste, elas estão aprendendo a ler, escrever e trabalhar com a extração e manejo sustentável do caroá e das plantas medicinais da região.

As matérias sobre Economia Solidária são produzidas com apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

(Adital, 31/07/2007)