A perspectiva de exportação de 12 bilhões de litros de etanol a partir de 2012 levou a Transpetro, a Copel e a União das Indústrias da Cana-de-Açúcar (Unica) a uma corrida para a elaboração de pelo menos cinco estudos para a construção de alcooldutos ligando o interior de São Paulo ou o Centro-Oeste brasileiro aos portos de São Sebastião (SP) e Paranaguá (PR).
Algumas das propostas de traçado coincidem, mas isso não levou nenhuma das partes até agora a uma mesa para a discussão de um projeto único. 'Não estamos falando com ninguém ainda, mas acho que isso é uma questão de tempo', diz o presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Está nas mãos da Transpetro, empresa de logística da Petrobrás, a tarefa de desenvolver três corredores de exportação de etanol até o início da próxima década. O investimento da estatal para, pelo menos, dois projetos com mais de 1 mil quilômetros de extensão, está orçado em US$ 1,1 bilhão. O primeiro liga a cidade de Senador Canhedo (GO) ao Porto de São Sebastião (SP). O outro alcoolduto liga Cuiabá a Paranaguá.
O projeto da Petrobrás ainda considera o uso do corredor hidroviário Tietê-Paraná para o escoamento de etanol do sul de Goiás e sudoeste de Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro e interior de São Paulo em barcaças até um terminal em Santa Maria da Serra, no Rio Tietê. Dali, haveria um duto até Paulínia, de onde seria bombeado até São Sebastião. Cada um desses projetos tem capacidade para transportar pelo menos 3 bilhões de litros por ano.
A Transpetro reivindica a condição de líder do projeto ao alegar que possui capacidade de construção e de operação de dutos. O presidente da empresa afirmou que a estrutura de capital dos empreendimentos não está definida, mas os usineiros poderão ser sócios ou usuários da estrutura. 'Não haverá diferença alguma. Como usuários, eles teriam um contrato que lhes asseguraria o transporte do álcool. É isso o que interessa', sustenta Machado.
A idéia não é algo que agrade ao setor sucroalcooleiro. Por isso, o setor discute com o governo de São Paulo um projeto semelhante em que as usinas serão as líderes do empreendimento. 'Ninguém quer ficar nas mãos da Petrobrás', diz um alto executivo do setor.
O projeto da Unica também considerada a Tietê-Paraná e uma ligação entre Conchas, no médio Tietê, até Paulínia, de onde também desceria para São Sebastião. Há um trecho a mais no projeto do setor: uma ligação entre o norte de São Paulo e Paulínia.
A Transpetro acha que projetos locais não serão competitivos o suficiente. 'O Brasil será a Arábia Saudita dos combustíveis renováveis. É preciso criar uma estrutura de transporte com integração de várias regiões do País', diz Machado.
Segundo ele, nenhum projeto desenvolvido até agora, fora o da Petrobrás, será suficientemente competitivo. 'Quando eles fizerem a conta, vão ver. É um negócio que deve ter escala', afirma.
A despeito disso, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) deve concluir até o fim do ano estudos para um alcoolduto entre Maringá e Paranaguá. O projeto, orçado em R$ 630 milhões, terá 528 quilômetros e poderá aproveitar as faixas de domínio das linhas de transmissão da Copel e do gasoduto da Bolívia, que serve ao Sul depois de passar por São Paulo. 'Vamos discutir a participação da Petrobrás nesse projeto. Faz todo o sentido a participação da estatal', afirma Luiz Antonio Rossafa, diretor de Gestão Corporativa da Copel.
A Petrobrás tem um projeto que cruza o Paraná, mas o plano é iniciar o alcoolduto em Cuiabá. A idéia da Transpetro é ter dois dutos. O primeiro servirá para levar álcool para o porto. O segundo servirá para levar o combustível ao Centro Oeste.
(Por Agnaldo Brito,
O Estado de S.Paulo, 01/08/2007)