Desde o início da atual temporada, o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema) encontrou pelo menos 20 leões-marinhos mortos na praia ou nas pedras dos molhes da Barra. O problema chama a atenção para a necessidade de convivência harmoniosa entre os animais e pescadores da região, que seriam os responsáveis pelas mortes.
O molhe leste, em São José do Norte, é um dos dois refúgios de leões e lobos-marinhos na costa do Brasil - o outro fica na Ilha dos Lobos, em Torres, no Litoral Norte. No total, são cerca de 350 mil animais, que, nos meses de inverno, vêm das ilhas uruguaias, onde se reproduzem, em busca de descanso e alimento. A causa do problema é a disputa por peixe entre animais e pescadores.
A briga pelos pescados - geralmente anchova ou corvina - leva o leão-marinho a encontrar as redes de arrasto e, por conseqüência, a danificá-las. Segundo o oceanólogo Kleber Grübel da Silva, coordenador do Projeto Mamíferos do Litoral Sul, a prática dos profissionais de descartar peixes de menor valor comercial favorece a aproximação dos leões de locais de pesca.
De acordo com Silva, o que os leões e lobos-marinhos consomem não chega a 0,5% do que é pescado na região.
- Os animais já aprenderam que ali acharão alimento fácil e em grande quantidade, por isso se aproximam das embarcações - explica.
Atualmente, os pesquisadores trabalham na análise das causas da morte dos leões-marinhos. Eles garantem se tratar de ação humana. Ferimentos com marcas de pauladas e até tiros foram detectados nos leões. Apesar de acreditarem que as atitudes agressivas por parte dos pescadores vêm diminuindo, os pesquisadores agora partem para a conscientização em maior escala.
Em parceria com a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, foram confeccionados mil cartazes e calendários com alertas sobre a convivência harmoniosa entre animais e pescadores.
(Por Rodrigo Santos,
Zero Hora, 01/08/2007)