A Bahia será pioneira no país na comercialização de gás natural proveniente de um campo maduro. A Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás) vai fornecer o insumo, proveniente do campo de Morro do Barro, localizado na Ilha de Itaparica, no município de Vera Cruz. O contrato de fornecimento, firmado com o consórcio ERG Petróleo e Gás e estimado em R$58 milhões, será assinado hoje, às 15h, na Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).
O acordo, válido por dez anos, prevê o fornecimento de até 35 mil metros cúbicos por dia. O abastecimento deve ocorrer em até 90 dias da assinatura do contrato, sendo que, no primeiro ano, o volume fornecido será de cerca de sete milhões de metros cúbicos, ultrapassando dez milhões de metros cúbicos a partir do segundo ano.
O presidente da Bahiagás, Davidson Magalhães, explica que os campos maduros são campos antigos, com acumulações marginais, que já passaram pelo processo de exploração e têm produção pequena – até 70 mil m3/dia. “Grandes companhias, como a Petrobras, não têm interesse nesses campos, mas eles podem oferecer um rendimento significativo para pequenos e médios produtores. A partir desse contrato, pode se abrir um importante mercado de fornecimento de gás no Brasil, especialmente na Bahia, estado com maior número de campos marginais. Nos Estados Unidos, esse nicho já responde por 40% da produção”, destaca.
Segundo o executivo, no Brasil, cerca de 50% dos campos são marginais e representam cerca de 1% das reservas provadas do país. Boa parte está concentrada também no Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Alagoas, Pará e Maranhão.
O gás proveniente do campo maduro, de propriedade da ERG Petróleo e Gás, será vendido para a Bahiagás, que distribuirá o produto de modo comprimido, conhecido como gasoduto virtual (carretas feixe). “O GNC (Gás Natural Comprimido) atende basicamente o segmento automotivo, ou seja, postos de combustíveis que comercializam gás natural veicular, em localidades em que não há rede de gasodutos”, informa Magalhães.
“Com o investimento, a Bahiagás atinge metas importantes para seu crescimento e para o desenvolvimento da Bahia, por possibilitar o atendimento a mercados sem infra-estrutura implantada, ampliando a oferta de gás natural no estado e contribuindo para o desenvolvimento de novos mercados, como Santo Antônio de Jesus, Nazaré, Valença, Amargosa, Itaparica, dentre outros municípios vizinhos ao campo”, acrescenta o presidente da companhia, ressaltando que praticamente todos os contratos de venda do gás comprimido já foram fechados.
Campo tem investimento inicial de R$11 milhõesO campo de Morro do Barro foi descoberto no dia 22 de abril de 1962. Entrou em produção em 30 de setembro de 1964 e produziu até 1988. Depois, foi devolvido para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A área do antigo campo é de 4,7 quilômetros quadrados, e nela foram perfurados 11 poços. Os volumes originais in situ de óleo e gás, estimados pelo antigo concessionário, são da ordem de 184 mil metros cúbicos (1,16 milhão barris) e 200 milhões m³, res-pectivamente.
O campo de Morro do Barro foi arrematado em consórcio pelas empresas baianas Panergy Consultoria e Participações Ltda. e ERG Negócios e Participações Ltda. na sétima rodada de licitações de blocos, realizada pela ANP, em outubro de 2005, quando também foram ofertadas 17 áreas inativas com acumulações marginais, de petróleo e gás natural.
As atividades de avaliação e intervenção nos poços estão em curso no momento com resultados positivos obtidos em cinco dos 11 existentes no campo, aptos a produzir e fornecer gás natural. A previsão de investimento total do consórcio na fase de avaliação é de R$11 milhões
(Por Adriana Patrocínio,
Correio da Bahia, 30/07/2007)